domingo, 30 de dezembro de 2012

Transporte Coletivo em Curitiba: parte 2/5


Deu na Gazeta do Povo:

Diz o ditado que se conselho fosse bom não se dava, se vendia. Mas boa parte dos ex-prefeitos de Curitiba não está nem aí para o velho adágio e, nas páginas do jornal Gazeta do Povo, edição deste domingo (30), aconselha o futuro prefeito Gustavo Fruet (PDT). A reportagem é de Daniela Neves, Rosana Félix e Rafael Waltrick.
Eles já tiveram a máquina municipal de Curitiba nas mãos e sabem quais são as dificuldades, quais os nós da prefeitura da cidade. Por isso a reportagem perguntou aos ex-prefeitos da capital paranaense que conselho dariam ao prefeito eleito, Gustavo Fruet (PDT), que recebe a estrutura pública do município no dia 1.º de janeiro. De todos os ex-prefeitos vivos, o único que decidiu não colaborar com a reportagem foi Cassio Taniguchi, prefeito entre 1997 e 2004. Veja o que os ex-prefeitos indicaram para quem está assumindo o comando da cidade:
Saul Raiz (prefeito entre 1975 e 1979) “Curitiba precisa de planejamento para o futuro. O Ippuc deve voltar a ser como era antes, com estrutura para pensar o amanhã. A luta contra o automóvel já perdemos. Não adianta fazer meia linha de metrô. É preciso separar as coisas pontuais, do dia a dia, do planejamento do futuro. É preciso ter grupos diferentes de pessoas para fazer cada coisa. Nós estamos lutando para que Curitiba não fique como São Paulo.”
Jaime Lerner (1971 a 1974, 1979 a 1983, 1989 a 1993) Urbanista e ex-prefeito por três gestões, Jaime Lerner foi o que apresentou a maior lista de conselhos. E fez questão de enumerá-los:
1 • “Deixar de pensar a cidade só para o automóvel.” 2 • “Melhorar imediatamente a qualidade do transporte coletivo; é possível.” 3 • “Abolir a exigência de estacionamento, que está encarecendo o preço da moradia.” 4 • “Colocar Curitiba de novo na vanguarda, e trazer de volta a autoestima do curitibano.” 5 • “Trazer o jovem para o centro da cidade.” 6 • “Eliminar a burocracia na aprovação de projetos. Interessa o que uma edificação significa para o entorno e não detalhes que o próprio mercado define.” 7 • “Cuidar para que as leis de uso do solo não criem uma péssima arquitetura.” 8 • “Em cada bairro uma atração, uma coisa boa.” 9 • “Começar com secretariado menor e se necessário aumentar depois.” 10 • “Aos políticos, respeito, e não intimidade.”
Roberto Requião (1986 a 1989) O senador Roberto Requião disse que não tinha exatamente um conselho para dar, mas espera que o prefeito eleito cumpra as promessas de campanha, sobretudo o aumento de 30% para o orçamento da educação.
Rafael Greca (1993 a 1996) “A terceirização excessiva é a moléstia que torna fracos os governos, consumindo sua capacidade de investir no que é novo. Deus o ajude nesse trabalho, senão será um prefeito pobre. Será feliz se não deixar o Instituto Curitiba de Informática mandar nele.”
Beto Richa (2005 a 2010)“Não tenho conselho a dar. O Gustavo tem todas as condições, está preparado, é competente para cumprir um bom mandato na capital.”
BOM, VAMOS AO QUE INTERESSA, EM ESPECIAL EM MATÉRIA DE MOBILIDADE:
Dr. Saul Raiz: Não entreguemos os pontos... "Nós estamos lutando para que Curitiba não fique como São Paulo”! Sim, nós podemos! VAMOS COLOCAR O AUTOMÓVEL NO SEU DEVIDO LUGAR... Trincheiras, melhoria dos expressos e outras linhas atuais, micro-ônibus, mini-táxis, vans, vias exclusivas para bikes [e por que não banheiros e vestiários também? (quem lembra de Pedro Lauro e seus "mictórios públicos"?); e por que não também uma mudança cultural de aceitação e até estímulo no trabalho de um vestuário mais esportivo e mais condizente com tempos de "aquecimento global"?], vale-passagem diária (um "passe-livre" diário ou mensal, para estimular o uso e baratear para os grandes usuários). Usar as "linhas do trem"... Usar outros espaços livres... "Criar" espaços... Cabeças pensando... e chegaremos lá...

Dr. Jaime Lerner: "deixar de pensar a cidade só para o automóvel"... e outros grandes conselhos... Nosso "eterno prefeito"... Mas o automóvel só vai ficar mais "paradinho na garagem" se dermos alternativas melhores e mais baratas à população...

Dr. Roberto Requião: 30% para educação... Nós chegaremos lá, com certeza... Inclusive, é muito bom também, EDUCAÇÃO NO TRÂNSITO... Precisamos passar a agir preventivamente (nessa e em outras áreas)... Isso é inteligência...

                                   Copenhage: Com incentivo, povo usa a bike...

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

6 - Minha Primeira Campanha Política: 2012 - GUSTAVO FRUET - Parte 6

                                                                 Clique para ampliar
                                                        da esquerda para a direita: Mirian Gonçalves, Roseli Isidoro,
                                                        Ministros Gleisi Hoffmann e Paulo Bernardo, Pedro Paulo,
                                                        Roni Barbosa e Regina Cruz.                                          
                                                  
Em 15 de abril, o Partido tinha decidido pela Coligação; não fora uma decisão fácil; a margem apertada da vitória deixou isso bem claro.
No final de maio, ou início de junho, recebi convite para participar dos Grupos do PT para Elaboração do Plano de Governo, grupos que estavam sendo coordenados pela advogada e militante do partido Mirian Gonçalves. Falei com ela por celular. Haveria uma reunião na sede municipal do Partido, na Al. Princesa Isabel.
A reunião foi no dia 4 de junho. Assistimos palestra do economista Cid Cordeiro, do DIEESE. No final, falei rapidamente com Mirian, que sugeriu que eu participasse do grupo de Habitação. A bem da verdade, não se falou mais no assunto: a campanha eleitoral estava assumindo a sua própria dinâmica e intensidade e, dali para a frente, não deixaria espaço para mais nada.
Um pouco mais adiante, no dia 16, haveria o Encontro Municipal do Partido, a ser realizado no Clube dos Subtenentes e Sargentos do Exército de Curitiba (local que me lembrou de participações políticas de meu pai, ainda na minha infância e adolescência), para definir o(a) candidato(a) a vice. Embora quatro candidatos tenham inicialmente se apresentado, quando chegou no final restavam apenas duas candidatas, ambas da "minoria" feminina: Mirian Gonçalves e Roseli Isidoro.
A escolha foi num sábado, à tarde, e estive presente.
Mirian, em seu discurso, falou pela união ("somos todos petistas"... "e portanto somos todos de esquerda"...), disse que um debate como o que estava ocorrendo "só acontece no PT". Disse ainda que votara pela coligação e falou também de sua história de coerência dentro do PT. Disse que o propósito de sua candidatura era a união do partido; citou o fato de que a corrente da qual participa dentro do Partido tinha outra candidatura. Para terminar, mencionou uma canção de Gonzaguinha:  "viver e não ter a vergonha de ser feliz, cantar e cantar e cantar e não ter a vergonha de ser um eterno aprendiz..."
A seguir, falou Roseli Isidoro, presidente municipal do PT, também candidata. Iniciou saudando diversas correntes minoritárias do Partido. Elogiou a coligação aprovada e as ações do governo federal durante as presidências de Lula e Dilma. Por fim, agradeceu os companheiros Pedro Paulo e Roni, que haviam retirado suas candidaturas.
Houve ainda discursos de suporte de companheiros a uma e a outra candidatura, tendo a ministra Gleisi manifestado seu apoio à candidatura da companheira Roseli, ocasião em que também mencionou seu grande apreço por Mirian Gonçalves.

Neste Encontro, encontrei um casal de amigos que não via há muitos anos, o Pastor Lori (depois candidato a vereador) e sua esposa Janine, ele irmão de um outro amigo, o Pastor Marco Aurélio, da Comunhão Cristã Abba, e que encontrava-se exercendo seu ministério na cidade de Maringá.

Feita a apuração, a Mesa proclamou o resultado. Mirian Gonçalves, 113 votos; Roseli Isidoro, 100 votos; Nulos, 7 votos. Uma vitória apertadíssima.

Antes de sair, cumprimentei nosso deputado federal e também amigo Dr. Rosinha, pela vitória, pois sabia que ele apoiara Mirian Gonçalves. Eu também, sem saber bem porque, já que tinha conhecido a Mirian apenas uns dias antes, "torci" por ela... O Dr. Rosinha comentou comigo, para finalizar: "Estamos juntos"...

Já anoitecia. Naquele momento, havia a alegria de uns e a tristeza e a perplexidade de outros...
Eu... Estava "engatinhando"... Apenas começando a conhecer o Partido dos Trabalhadores...

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Análise da Manchete e Artigos de hoje na Gazeta do Povo: "FRUET ESCOLHE MULHER E IRMÃ PARA EQUIPE DE GOVERNO"

                                                                 Clique para ampliar

Manchete de hoje na Gazeta do Povo: "FRUET ESCOLHE MULHER E IRMÃ PARA EQUIPE DE GOVERNO". Veja o Link:
 http://www.gazetadopovo.com.br/vidapublica/conteudo.phtml?tl=1&id=1328641&tit=Fruet-escolhe-mulher-e-irma-para-equipe-de-governo

A seguir, no blog de Rogerio Waldrigues Galindo, CAIXA ZERO, a manchete é "Indicações dão R$ 1,2 milhão em quatro anos para a família Fruet". Acesse o Link: 
http://www.gazetadopovo.com.br/blog/caixazero/conteudo.phtml?tl=1&id=1328691&tit=Indicacoes-dao-R-12-milhao-em-quatro-anos-para-a-familia-Fruet

Isso porque o Prefeito eleito escolheu Marcia Fruet para a FAS - Fundação de Ação Social e Eleonora Fruet para a Secretaria de Finanças. Por isso, o futuro Prefeito já está sendo acusado de NEPOTISMO.

Bom... Vejamos primeiro o que é NEPOTISMO...
Na definição da Wikipédia: "Nepotismo (do latim nepos, neto ou descendente) é o termo utilizado para designar o favorecimento de parentes (ou amigos próximos) em detrimento de pessoas mais qualificadas, especialmente no que diz respeito à nomeação ou elevação de cargos."
No Houaiss é "favoritismo para com parentes, esp. pelo poder público."
Já no Dicionário Aurélio é "política de favorecimento a parentes ou amigos de quem ocupa cargo público."

Então, o que precisamos ver é se houve FAVORECIMENTO nas indicações... Depois, a QUANTIDADE RELATIVA e a QUALIDADE (competência e adequação ao cargo) dos FAMILIARES numa Administração Pública, para então verificar se o Público transformou-se - ou transformar-se-á - realmente, em Privado...

Primeiro, é importante esclarecer que há três critérios básicos para ESCOLHA DE UM CANDIDATO A UM EMPREGO OU FUNÇÃO (cf. George Bradt, na Forbes, citado por Bernt Entschev), e que são primordialmente considerados numa ENTREVISTA para escolha do CANDIDATO MAIS ADEQUADO:

1 - Você consegue realizar o trabalho? (Em outras palavras, você tem a FORÇA ou COMPETÊNCIA NECESSÁRIAS?)
2 - Você irá AMAR o seu TRABALHO? (MOTIVAÇÃO)
3 - CONSEGUIREMOS TRABALHAR COM VOCÊ? (ADEQUAÇÃO ao clima, grupo, ambiente; CONFIANÇA).

["A entrevista não é sobre você, especificamente. É uma chance de você mostrar sua habilidade para resolver os problemas da empresa e do entrevistador."]

Com relação ao item 3, os FAMILIARES já são bem conhecidos, sabe-se bem de sua adequação e confiabilidade, ou não... Por isso, há tantas empresas familiares de sucesso... E, convenhamos, tanto na FAS quanto nas FINANÇAS, é necessário ter titulares que estejam MUITO PRÓXIMOS ao Prefeito, para "a coisa" funcionar...
O item 2, MOTIVAÇÃO, também já é bem conhecido do Prefeito...
Quanto ao item 1, COMPETÊNCIA, está - por certo - muito adequado:
Nas Finanças, uma Economista e Administradora Pública já testada e com ótima avaliação (inclusive junto ao funcionalismo) em outras oportunidades e outros governos.

Na FAS, não há nada de novo, nenhuma "experiência". Segue-se a tradição brasileira e, porque não dizer, do mundo ocidental: 
Darci Vargas, Ruth Cardoso e Sarah Kubitscheck foram primeiras-damas muito ativas, engajando-se em causas sociais. Em nossa cidade, Fani Lerner, Fernanda Richa e Marry Ducci, além de outras primeiras-damas,  estiveram à frente de obras sociais bem-sucedidas (algumas nem tanto...). É uma tradição em nosso país, e uma vocação ligada também à feminilidade, à maternidade e à compaixão, tão própria das mulheres. Além disso, quem poderia estar mais próximo do mandatário maior, para defender a causa dos mais necessitados?
Ainda com referência à FAS, isso não quer dizer, evidentemente, que não se devam agregar competências que independem de gênero (e que, em alguns casos, são mais de natureza masculina) ao exercício do cargo. As funções de "filantropia" têm sido também, em nosso país - [e fora dele também: no caso do Haiti, apenas 2% do montante das contribuições teve destino útil comprovado] - um campo fértil para a ação de "peruas", "dondocas", "deslumbradas", "enganadores(as)" e "enganados(as)", "aproveitadores" e "aproveitadoras". Todos e todas (com raríssimas exceções) sem qualquer senso de eficiência empresarial e de verdadeira capacidade de ação para tirar - definitivamente - pessoas necessitadas das situações de exclusão (às vezes total) em que se encontram. Sem dúvida, é preciso - primeiro - minorar o sofrimento de seres humanos vivendo em situações de extrema fragilidade; depois, é necessário pensar e planejar no longo prazo, para soluções duradouras (mudando processos, comportamentos e estruturas). Tem faltado competência, isto sim. Tem faltado também coragem. Tem faltado o exemplo, sempre muito bem vindo, e que venha de cima... Tem faltado capacidade administrativa e gerencial; e, mais ainda, a sabedoria e entendimento corretos para atacar os problemas. Nunca é demais repetir: "Para resolver um problema, é preciso mudar a consciência que produziu o problema"... Ok?? Ou muda, ou seremos PARA SEMPRE (até quando??) um país de favelados (reais, mentais e espirituais)...

As duas nomeações que a Gazeta do Povo e Rogerio Galindo colocam em dúvida, como se vê, não têm nada a ver com a nomeação de Filósofo, Psicólogo e Psicanalista para gerir os portos de Paranaguá e Antonina... Como sabemos, essa história não acabou nada bem... Assim como muitas outras de injustificável favorecimento político.

Mas o alerta de hoje (contido nas duas matérias acima) não é - longe disso - sem propósito... São tantos os casos de parentes sem qualquer competência para determinados cargos, e que são nomeados... que "gato escaldado"... sabe como é... coloca "as barbas de molho"...

De outro lado, parece que os jornalistas estão se viciando em manchetes negativas... Isso não é bom... Primeiro, precisamos dar um voto de confiança aos nossos eleitos... E não podemos continuar com essa mania negativista de colocar todos numa vala comum.

Por que estar sempre achando algo ruim e, quando não há nada de ruim, ficar "inventando"? É tempo de construir, é hora de parar de inventar "chifre em cabeça de cavalo"...
Tem coisa melhor... E coisa muito pior, jornalistas... E mais real... E precisando muito mais de nós...

Então,
Mãos-à-obra!!
Ano novo, vida nova!!





domingo, 16 de dezembro de 2012

Dona Canô, Bethânia e Caetano cantam Oração da Mãe Menininha


Dona Canô Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Dona Canô

Nome completo
Claudionor Viana Teles Velloso
Nascimento
Nacionalidade
Claudionor Viana Teles Velloso (Santo Amaro da Purificação, 16 de setembro de1907[1]), mais conhecida como Dona Canô, é uma cidadã baiana centenária. Mãe de seis filhos, entre eles os músicos Caetano Veloso e Maria Bethânia, sendo duas criadas, é viúva de José Teles Velloso (Seu Zeca), funcionário público dos Correios, falecido em 13 de dezembro de 1983, aos 82 anos.
Considerada uma das mais ilustres cidadãs de Santo Amaro da Purificação, teve publicadas suas memórias no livro “Canô Velloso, lembranças do saber viver”, escrito pelo historiador Antônio Guerreiro de Freitas e por Arthur Assis Gonçalves da Silva, falecido antes do término da obra[2]. Organiza periodicamente Terno de Reis na cidade[2].

Dona Canô e Lula

Em 2009, Caetano Veloso, em entrevista a O Estado de São Paulo ao qual declara seu apoio à candidatura de Marina Silva, disse:
Não posso deixar de votar nela. É por demais forte, simbolicamente, para eu não me abalar. Marina é Lula e é Obama ao mesmo tempo. Ela é meio preta, é cabocla, é inteligente como o Obama, não é analfabeta como o Lula, que não sabe falar, é cafona falando, grosseiro. Ela fala bem.

 Caetano Veloso, O Estado de São Paulo[3]

Esta frase em especial causou grande repercussão, chegando a fazer com que Dona Canô quisesse ligar para o presidente Lula para pedir desculpas por Caetano[4].
Dona Canô tambem é cantora, e fez grandes cantos religiosos. Aparece em alguns vídeos na internet, cantando com os filhos.
Lula não merece isso. Quero muito bem a ele. Foi uma ofensa sem necessidade. Caetano não tinha que dizer aquilo. Vota em Lula se quiser, não precisa ofender nem procurar confusão.

 Dona Canô[5],

A polêmica praticamente se encerrou após Lula ligar pessoalmente para Dona Canô e perdoar Caetano.
Não fique chateada, preocupada, porque gosto muito da senhora e gosto do Caetano também. Está tudo bem, essas coisas acontecem.

 Presidente Lula[6],

Sobre a fama

Quando perguntada sobre a própria fama, Dona Canô diz que não entende a razão:
Cquote1.svg
Apenas fiquei conhecida por causa de meus dois filhos que nunca se esqueceram de onde vieram nem da mãe que têm.
Cquote2.svg
 Dona Canô[7]

Dia de Leitura Bíblica


Livro: ECLESIÁSTICO, escrito por Ben Sirac (nome hebraico; em grego, o Sirácida, segundo a forma grega Sirac), mestre de sabedoria em Jerusalém, no início do século II a.C.
Ben Sirac é o último testemunho ca
nônico da sabedoria bíblica na Terra Santa. É o representante por excelência dos 'hassidim', esses "piedosos" do judaísmo (cf. 1 Mc 2:42+), que logo defenderão sua fé na perseguição de Antíoco IV Epífanes e que manterão em Israel núcleos fiéis em que germinará a pregação de Cristo.

Na versão em língua portuguesa da Bíblia (católica) de Jerusalém:

Capítulo 10
1 Governante sábio educa o seu povo,
e a autoridade de homem inteligente é bem estabelecida.
2 Qual o governante do povo, tais os seus ministros;
qual o que governa a cidade, tais todos os seus habitantes.
3 Rei sem instrução arruinará seu povo,
uma cidade será construída graças à inteligência dos chefes.
4 Nas mãos do Senhor está o governo do mundo:
ele suscita, no tempo oportuno, o homem que convém.
5 O sucesso do homem está nas mãos do Senhor,
é ele que dá ao escriba a sua glória.
6 Não guardes rancor de teu próximo,
sejam quais forem seus erros,
e nunca reajas com atos de arrogância.

7 O orgulho é odioso tanto ao Senhor como aos homens,
e ambos olham a injustiça como uma falta.
8 A soberania passa de uma nação a outra
pela injustiça, pela arrogância e pelo dinheiro.

Comentário (tradução de 'La Bible de Jérusalem'): Nada de mais ímpio que aquele que gosta do dinheiro: até sua alma ele vende!

Consciente de que, muitas vezes, "onde mais abunda a reza, mais abunda o pecado", e por isso vigilantes, pedimos (em uma só voz):

Livrai-nos de todo orgulho e de todo farisaísmo.
Dai-nos coragem, prudência e sabedoria, Senhor.
Guarda nossas casas e nossas famílias.
Enche-nos de misericórdia para com os pobres e para com os excluídos...
E dai-nos também o dom de sermos generosos para com os ricos... e para com os ladrões... ('In memoriam' de Barrabás... RsRsRs...)

Fazei-nos instrumento da vossa Vontade,
E livra-nos do mal, Senhor!

Bom domingo e boa semana a todos!

COMENTÁRIO: Mas até onde é possível ser generoso com os ladrões se, o mais das vezes, é a vida de Cristo que está em jogo?

sábado, 8 de dezembro de 2012

Leonardo Boff fala de Oscar Niemeyer



Leonardo Boff fala de Oscar Niemeyer e cita os primeiros cristãos, referidos nos Atos dos Apóstolos nos capítulos 2 e 4, onde se diz que “os cristãos colocavam tudo em comum e que não havia pobres entre eles”...
A utopia não pode ser alcançada; mas cada um de nós pode refletir e propor-se a compartilhar um pouquinho mais; e pode também adicionar a isto a recusa em corromper-se; em "vender-se ao sistema"... Adquirir sabedoria, mas preservando sua pureza original... Saúde, sanidade e santidade... O sopro da vida...
A escolha por uma vida de honestidade, inclui - por certo - afastar qualquer obrigatoriedade (pois que é voluntária) e, por conseguinte, qualquer governo ditatorial. A verdadeira solidariedade brota de dentro de cada um de nós, e não pode esperar recompensas, e nem mesmo gratidão. "O perfeito amor joga fora todo medo"...
Mas como é bom vencer, não?
Sim, claro! Mas é só não exagerar...
O grande mestre Niemeyer, ao adentrar na eternidade, na sua simplicidade, e na sua ingenuidade de ateu, por certo terá encontrado - maravilhado - um "mundo novo", belíssimo... e ideal, como sempre sonhou...: um mundo onde as pessoas se dão as mãos, em paz; um mundo sem confrontos, sem agressões, sem egoismo, sem violência, sem opressões, sem ideologias e sem guerras. Um mundo onde o amor é perfeito e a liberdade também: um mundo novo, como Cristo sonhou e desenhou... Um mundo onde são todos crianças, de novo; e crianças não sabem mentir... Um mundo que devemos almejar, porque está em todos nós; e que por isso devemos honrar... "em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo"... Pois as escrituras não deixam "brecha" ou margens para dúvida: "assim como julgares, sereis julgados"... Amém, irmãos?... Como é que cada um de nós vai se apresentar na "fotografia final"?
Estamos prontos para o "Grande Julgamento"?
Precisamos nos apresentar bem... Em respeito a nós mesmos, aos nossos antepassados e às nossas crianças...

Acesse o link:

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Repensando o Transporte Coletivo em Curitiba: parte 1/5: ou "Para encontrar a solução de um problema, é preciso mudar a consciência que produziu o problema"...




De outubro de 2010, quando vendi o Classic da Chevrolet, até o final de junho de 2011, quando comprei na Fórmula Renault da Marechal Floriano o meu Clio, fiquei "a pé", de bicicleta (um pouco), de taxi (muito pouco também) e de transporte coletivo (ônibus)... Foram 8 meses "obrigado" a usar o transporte coletivo... Fui, portanto, parodiando o Urbenauta Eduardo Fenianos, um URBSnauta...

Assim, vou lhes passar um pouco da minha experiência:
1 - O problema do trabalhador com o transporte coletivo é, principalmente, de TEMPO; TEMPO e TEMPO... É muito tempo entre sair de casa e chegar no trabalho. Por isso, principalmente, o uso do carro... e o sofrimento... Uma vez, saindo do Água Verde para além do Pinheirinho, fiz em 4 horas e meia, usando (ida e volta) quatro ônibus (e andando bastante a pé, e ainda muita espera em ponto e terminal...), o que, de carro, faria em 1 hora e meia... A diferença fica por conta, principalmente, de muita espera e da necessidade de muita caminhada...
2 - Como melhorar isso?
O Expresso até que funciona bem... SE VOCÊ CHEGAR NO EXPRESSO, DAÍ É RÁPIDO, MUITO RÁPIDO! Então, é BOM PARA QUEM TRABALHA E MORA PERTO DA LINHA DO EXPRESSO!.. E o metrô, pelo que sei, apenas substituiria o Expresso... O problema são os Alimentadores, Interbairros, etc... Há poucas linhas, percursos longos, muita, MUITA espera, obriga a andar muito a pé... Além disso, com tantos "transfers" fica caro, muito caro... Acaba sendo mais barato ter carro. E, principalmente, PERDE-SE MUITO TEMPO SEM CARRO!...
3 - Algumas Soluções?
Novos percursos de transporte (intra-bairros), de van ou micro-ônibus ou bike, ou bike elétrica ou... Vans de aluguel... ou Mototaxis em vias exclusivas para motos... Mini-taxis... Vias expressas de bike... Transporte escolar solidário... Incentivos à solidariedade... ou... Tudo que se puder pensar... Baratear os taxis, tirando a exclusividade dos concessionários atuais... Trincheiras para o fluxo contínuo dos Expressos... Sincronização de semáforos... Desalinhamento das estações-tubo para permitir as ultrapassagens... Organização de TRANSPORTE SOLIDÁRIO...
Melhorar (e muito) o fluxo de veículos... Dificultar os veículos no Centro...
Novos estacionamentos...
Há muito que fazer...
E tudo isso pode ser BEM FEITO!!
4 - BIKES
Sabem onde é melhor para andar de bike? NA CANALETA DOS EXPRESSOS!! Aí você não perde tempo!
E por que não se usa muito as bikes para ir trabalhar? Por dois motivos básicos:
a) Não é seguro;
b) Não tenho onde "me trocar" (vestiários e banho).
Que tal pensar um pouco e resolver isso? É só juntar algumas "cabeças"... Vias expressas, troca de roupa e banho... e sugestões sérias dos usuários de bike...
5 - TRABALHO PERTO DE CASA
O Arquiteto e Urbanista Jaime Lerner, nosso Eterno Prefeito, dizia - há muito tempo atrás - que as pessoas precisam trabalhar perto de onde moram. Que tal CRIAR INCENTIVOS (inclusive econômicos) para as empresas ajudarem nisso? Que tal LEVAR ISSO A SÉRIO??
6 - ZONA SUL
É 2/3 de Curitiba, em área territorial e população: Uberaba, Boqueirão, Alto Boqueirão, Sítio Cercado, Tatuquara, Campo de Santana, Umbará, CIC. E é a grande região ainda a ser ocupada, no Município. Além disso, a mais desfavorecida pelos serviços públicos. Precisa ser priorizada. Nesta região, pode estar se desenhando o futuro de Curitiba: uma terra de gente solidária, uma cidade mais e mais humana, descentralizada, ou uma "Nova São Paulo"...
Não é hora também de agir com muita seriedade e incentivar novas cidades e novos centros no interior para diminuir o inchaço das Capitais? Não é chegada a hora de colocar verdadeiramente em prática a solidariedade, nas soluções públicas?
7 - METRÔ
O metrô talvez seja uma obra necessária, mas é preciso estudar bem, colocando diversas alternativas... Para a maior parte da população, não será solução, com toda certeza... Pode colaborar (ou até atrapalhar...), mas há muito mais a fazer... Os primeiros metrôs surgiram há um século e meio... O conceito de 'luta de classes' também... Não é tempo de deixarmos para trás essas 'coisas'?? Essa 'mania' de buscar soluções no passado??

Bom, escrevi esse POST em uns 15 minutos, isso foi saindo, porque sei um pouco do que estou falando... Mas há muito mais que pode ser feito... Mãos à obra?? E cabeças pensando??

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

5 - Minha Primeira Campanha Política: 2012 - GUSTAVO FRUET - Parte 5

(Revisão)
Bom, ia escrever ainda mais 3 ou 4 tópicos, antes de entrar propriamente na eleição de Gustavo Fruet. Mas está faltando tempo e "fosfato"... Então, vou "pular"... "Eu passo essa"... Vamos "direto ao ponto", enquanto está "mais ou menos quente", e a memória e o tempo ajudam... Vamos ao que interessa: DIRETO PRA 2012!

São esses, dos itens 5.1 até 9, os itens que pretendia abordar (e ainda pretendo, na devida oportunidade...). O item 10 entra já na eleição...:

5.1. AINDA 1968

Guerrilha vietnamita invade embaixada dos EUA em Saigon, 31/01/1968.
Primeira Batalha de Saigon, 07/03/1968.
Martin Luther King 04/04/1968, assassinato em Memphis, Tenessee.
Robert Kennedy, 06/06/1968, também assassinado, em Los Angeles, California.
Capitão Sérgio Miranda denuncia uso de quartel da FAB para eliminar oposicionistas, 01/10/1968.
Prisão de mais de mil estudantes em Ibiúna, SP, 12/10/1968.
AI-5, 13/12/1968.
Prisão e cassação de Carlos Lacerda, 23/12/1968.

                                            José Dirceu  (sabe-se lá porque com cara "de esperto"...) 
                                                          sendo preso em Ibiúna em 12.10.1968
                                                                        [CLIQUE PARA AMPLIAR]    

6. A VIAGEM À EUROPA EM 1970 DA TURMA DE 71 (CARAVANA DE INTERCÂMBIO CULTURAL DE ENGENHARIA) E  FORMATURAS EM 1970 (ECONOMIA) E 1971 (ENGENHARIA).

7. A FORMAÇÃO E A "DEFORMAÇÃO" PROFISSIONAL: NÓS, PROFISSIONAIS DE ENGENHARIA E DE ECONOMIA, NO BRASIL DE 1971-2011. E como o "Sistema" é - vergonhosamente - uma "máquina de moer gente"...

8. "MOCHILEIRO" no percurso RIO - NORDESTE E NORTE DO BRASIL - COLÔMBIA - AMÉRICA CENTRAL - USA (California - New York) - CANADÁ - IRLANDA - INGLATERRA - EUROPA - GRÉCIA - BULGÁRIA - TURQUIA - PORTUGAL - BAHIA - RIO - CURITIBA.
8.1. Outras viagens: AMÉRICA LATINA - EUROPA - ÁFRICA - USA.

9. MINHA FILIAÇÃO POLÍTICA E O PORQUE DO PT, EM 2011, através do amigo e deputado Dr. Rosinha.

Então, vamos lá... DIRETO PRA ELEIÇÃO!

10. GUSTAVO FRUET PREFEITO: 2012 - CURITIBA

Início de 2012: estou prestando serviços de construção civil em Londrina, Ponta Grossa e Curitiba, cujos trabalhos se sucedem e vão até junho.
No sábado, 18 de fevereiro, noticiei em meu blog "Política Pirata", a defesa da ministra Gleisi, com os argumentos em favor do apoio do PT de Curitiba à coligação com o PDT, para fazer de GUSTAVO FRUET o nosso Candidato e o nosso Prefeito. Veja o link:
Ministra Gleisi Hoffmann defende aliança com PDT e Gustavo Fruet.

Já desde o ano anterior (2011), os deputados Tadeu Veneri e Dr. Rosinha vinham pleiteando a candidatura própria, dentro do PT. E continuavam trabalhando para isso... São vozes de muito peso dentro do Partido dos Trabalhadores. E eu tinha procurado, quando resolvi entrar no partido, para iniciar-me na política partidária, exatamente o Dr. Rosinha... Um amigo... Que, quando me recebeu, de braços abertos, resumiu o Partido como um partido de "centro-esquerda"... Exatamente o que eu estava procurando... Um partido que tivesse uma espinha dorsal e uma cabeça no centro...; mas com um coração à esquerda, como deve ser...

                                           Deputados Dr. Rosinha e Tadeu Veneri em "dobradinha"
                                                         na eleição de 2010

Por que, então, Gustavo Fruet? Porque conheço - e Curitiba e os curitibanos conhecem - sua trajetória, e seu caráter; e a trajetória de seu pai, Maurício, e de sua família. E Gustavo tinha e tem luz própria, construíra esse capital político, com sua história de vida, história dentro do PMDB e do PSDB, atuação no Congresso Nacional e nas eleições já disputadas. Embora o PT tivesse bons candidatos, estaríamos "adquirindo o passe" de um "craque"...
A isso, somava-se o fato de conhecer bem, muito bem, também a trajetória do PT de Curitiba, do Paraná e do Brasil. E a história de dignidade do Partido dos Trabalhadores em Curitiba. E as lutas da "esquerda". E a história do Brasil e do mundo. E porque a vida foi me ensinando... Sabia que não poderíamos nos isolar...
Eu sabia que para o PT crescer e governar, em Curitiba e no Paraná, precisaria formar uma nova maioria, que nunca teve... E sabia também, porque a vida me ensinou, que os miseráveis, sozinhos, não fazem a revolução, os miseráveis "morrem de fome"... Precisaríamos agregar mais... Muito mais...
E que não adiantaria nos juntarmos a alguém no 2.º turno, como fizemos muitas vezes apoiando o governador Requião (e vencemos, inclusive em Curitiba, ao contrário do que os "inimigos" apregoavam, quando diziam que "Curitiba não vota no PT"), se esse alguém (o candidato que apoiaríamos no 2.º turno) soubesse que "teríamos mesmo que vir"... Será que seríamos tratados, mais uma vez, como a "mulher do malandro" do governador Requião (com o perdão do imaginário popular...), quando dávamos os nossos votos, e recebíamos muito pouco em troca??
Isso, se vencêssemos no segundo turno, apoiando alguém... Porque o mais provável é que iríamos, mais uma vez, perder as eleições aqui em Curitiba, e o grupo que estava há 24 anos no poder, iria - mais uma vez - vencer... Afinal, nem Lula nem Dilma jamais ganharam eleições em Curitiba... Neste caso, o governador Beto Richa sairia muito fortalecido, e perderíamos também a eleição para o Governo do Estado em 2014... E enfraqueceríamos muito o projeto da presidente Dilma, ao deixar fortalecer o PSDB, e talvez fortalecer demais o PSB... Seria, no mínimo, o PT de Curitiba e do Paraná talvez mais uma década fora do poder... Valeria a pena correr este risco? Eu apostava que não...

Em 15 de abril, acompanhei pela internet, com expectativa, a eleição interna do PT para definir a coligação com o PDT ou a candidatura própria. Com 7 urnas apuradas, faltando só as regionais do Portão e do Pinheirinho, vencia a tese da candidatura própria por 680 votos contra 624... Estávamos perdendo mas, no final, virou... Foram 1093 votos (57%) pela coligação com o PDT de Fruet contra 817 pela candidatura própria. Ufa!! No sufoco!!





quarta-feira, 21 de novembro de 2012

ÓDIO REVISITADO


                                                        Clique na foto para ampliar

Medo. Preconceito. Intolerância. Guerra.
Clique em Ódio revisitado Piauí62 e veja uma muito reveladora história de INTOLERÂNCIA RACIAL NA AMÉRICA.
A INTOLERÂNCIA E O PRECONCEITO estão presentes em todas as partes do mundo: no Oriente, na Europa, na América do Norte, na África, no Brasil, no Oriente Médio, na América Latina, na Oceania, em nossos quintais e vizinhanças. Em mim e em você. Tem duas mãos: vem de mim, e vem de você... Quem dá mais? Quem está mais "carregado"?

NÃO EXISTE GUERRA JUSTA (rememorando um clássico, Guerra e Paz, 1869, de Leon Tolstoi), que está disponível (em inglês) - para quem se interessar, e encontrar tempo - em Domínio Público  http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/gu002600.pdf.

Não existem raças, não existem partidos, não existem ricos e pobres (no espírito), não existem ideologias ou religiões muito melhores que as outras, não existem "ídolos" ou "deuses"... Nós criamos essa "parafernália" e essas "estúpidas ilusões"... Ilimitado, mesmo, em nós, mortais, só a "impiedade sem limites"... Então, deveríamos ser mais compassivos conosco mesmos, com nossos semelhantes, com os pequeninos e despossuídos, e deveríamos nos humilhar e repensar nossas "organizações" e "desorganizações"... e seus objetivos... Afinal, jogamos um joguinho muitas vezes "para lá de idiota"... e mesquinho... E não vamos sair mesmo vivos desse "joguinho", no final de nossa "vida terrestre"...

Então, devemos "focar" um pouco mais no "Jogo Maior", onde existe a “Ressurreição”... E sermos generosos. Mais generosos. Muito mais generosos. Conosco mesmos e com nossos semelhantes.

Existem apenas duas nações: a dos vivos... e a dos mortos (Mia Couto, em "Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra"); e a voz deles (os que estão "do lado de lá"...), muito mais experientes, deveria ser mais respeitada, e mais ouvida...; deveríamos deixar falar, mais e mais, entre nós, o silêncio; e, no silêncio, ouvir nossos pais, avós, bisavós e tataravós... E deixar essas vozes ecoarem, de lá, do "universo sem fronteiras", lá onde somos todos humildes e soberanos... ouvir o cristalino som e a vívida imagem "da luz que habita nas trevas"...
Mas parecemos insistir em não querer ouvi-los (e vê-los)... Insistimos em não estudar, e até desconhecer a história, as raízes e o gênese... Por isso, acabamos nem ao menos sabendo, ou nem querendo saber, aonde estamos indo...

Enquanto isso, os mais sábios, e as notícias do dia-a-dia, insistem em nos alertar: assim, (pelo nosso comportamento geral) não estamos nos conduzindo bem... E, "por trás do nosso palco", ele... ele mesmo... o diabo... permanece, "brincando" conosco... exercendo seu comando... Porque - AGINDO COMO COVARDES - insistimos em tratá-lo como se não existisse... Ou como se estivesse apenas "nos outros"... Assim, nunca enfrentaremos nosso "inimigo comum", e permaneceremos "fingindo que vivemos"...
Porque parecemos inconscientes de que "os outros", na verdade, são a parte mais importante de nós mesmos... E quando - em nosso egoismo - agredimos ou prejudicamos "os outros", apenas apressamos a nossa morte, e - irresponsavelmente - adiamos a implantação do Reino de Deus...
E assim permaneceremos - até nos destruirmos, e perdermos, talvez bilhões de anos de "trabalho" do Criador - em impiedade e guerra...
Vamos deixar??

SÓ TEM UM JEITINHO... "FACINHO"... E BEM BRASILEIRO (OU NÃO?)...: NOS DARMOS AS MÃOS...

sábado, 17 de novembro de 2012

4 - Minha Primeira Campanha Política: 2012 - GUSTAVO FRUET - Parte 4

                                                        Centro Politécnico 1968: estudante com 
                                                        estilingue atacando cavalariano



5. "1968: O ANO QUE NÃO TERMINOU" (copyright Zuenir Ventura) e a "GERAÇÃO PAZ E AMOR"    (primeira revisão)

Eram meus 19 anos, no segundo ano da Faculdade de Engenharia da UFPR. À noite, fazia Economia, na FESP...

No dia 12 de maio, um domingo, haveria um concurso vestibular, que estava programado para instituir o ensino pago na Universidade Federal do Paraná. O local da prova seria no Centro Politécnico.
Nós, estudantes, combinamos que impediríamos a implantação do ensino pago na Universidade. Para tanto, a maior parte saiu de um baile que "varou a noite" de sábado e a madrugada de domingo, e fomos para lá, de manhã cedo. Eu, que na verdade era muito "nerd" (na nomenclatura brasileira da época, com significados um pouco diferentes de "nerd": "caxias" ou "cu-de-ferro"...), não fui ao baile, para chegar descansado e não perder a hora...
Postamo-nos no portão, para impedir o acesso de candidatos e professores. Os policiais, inclusive cavalarianos, também vieram. Não sei de onde nem como, começou o confronto. Alguns estudantes tinham levado bolas-de-gude, para jogar no asfalto e derrubar os cavalos e, alguns, estavam armados de coquetéis Molotov. Eu, nem de longe, esperava qualquer coisa séria; para mim, era uma brincadeira como outra qualquer... Para dizer a verdade, não tinha a menor noção do que estávamos fazendo... "Para disfarçar", eu estava apenas "armado" de um livro debaixo do braço... Na realidade, de alguma forma, sem saber, estávamos sendo "conduzidos"...
Acabei sendo preso, sem reagir, depois de tentar "escapar"... Foram presos, nessa ocasião, uns 30 ou 40 estudantes...
De cômico, lembro-me que entrou no ônibus onde fomos acomodados (fiquei num dos bancos de trás) um Oficial que, em seu discurso, referiu-se a nós como "a camarilha de Mao Tsé Tung"... Achei muito engraçado e não consegui conter o riso... Ainda bem que eu tinha ficado lá atrás...
Era Dia das Mães, e ficamos presos até o final da tarde, no quartel da PM na esquina das avenidas Getúlio Vargas com Marechal Floriano. Depois, soube que as mães tinham feito um movimento solidário, condizente com a comoção de mães com os filhos presos (em pleno Dia das Mães...), que mobilizou a imprensa, a cidade e autoridades, inclusive o governador, para nossa soltura.
Fomos bem tratados, só não lembro de ter sido servida qualquer refeição... Também, pudera... Alguns estudantes e alguns policiais tinham ficado feridos... Mas nada grave, felizmente...
No dia seguinte, segunda-feira, e durante algum tempo, a Tribuna do Paraná publicou sempre a mesma foto minha, sendo preso, acompanhado de um policial...; a foto, com tamanho reduzido, e em preto-e-branco, era a imagem que indicava o assunto "movimento estudantil", uma presença constante na imprensa durante o ano de 1968...

Mas esse Dia das Mães, para mim, foi um "divisor de águas". Decidi não "me meter" mais com política estudantil. Dois dias depois, o movimento prosseguiu, com ato na Reitoria, quando foi derrubado o busto do Reitor Flávio Suplicy de Lacerda, então Ministro da Educação. Também houve prisões, mas eu não estive presente. E não mais participei do movimento. Havia a ameaça de ser expulso da universidade, e preferi não correr esse risco...

Aí, um outro movimento, no final dos anos 60 e início dos 70, o da "geração paz e amor", chegou até mim. Eram tempos, também, da Guerra no Vietnam. E de protestos contra a guerra, que terminaram com a retirada das tropas americanas e vitória dos rebeldes vietcongs. Tempos também de mudanças aceleradas e de liberação. Tempos de "sexo, drogas e rock and roll"... No meu caso, muito pouco sexo, muito poucas drogas e algum "som"... Se eu pudesse "passar a limpo" essa fase da minha vida, certamente "deletaria" o segundo item (as drogas); embora, no meu caso (relativamente raro, na minha geração), não tenham as drogas (por sorte ou baixo consumo) deixado sequelas, e tenham - paradoxalmente - me ajudado no caminho de reconhecimento do mundo espiritual. E, pela graça de Deus, saí logo dessa... Mas buscávamos alternativas, a uma sociedade que percebíamos doente...
Ouvíamos Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque, Rolling Stones, os cantores e bandas do Festival de Woodstock, o musical Hair, Bob Dylan, Janis Joplin e muitos outros. Continuava o meu gosto pela leitura. E, pouco a pouco, a iniciação no hinduísmo, budismo e cristianismo... Foi um início de aprendizado. Eu começava a perder a inocência. E começava a deixar de ser ateu...

A partir daí, e definitivamente, tive a plena consciência de que seria pelo caminho da paz a minha ação futura. Mas sabia também que o mundo estava muito longe disso... O sonho de 1968 ainda estava muito longe. E eu teria que saber esperar...
Enquanto isso... Muito aprendizado... Muita luta... Muita determinação, no geral... Mas muitos erros, indecisões e tentativas de acerto... Estudo e de trabalho. Lazer e "escapadas"...
Para conseguir as mudanças necessárias, fui percebendo que precisaria ter muita saúde, e muita paciência, e estudo, e trabalho, e preparo...; e precisaria também me aproximar mais de Deus. Mais e mais... Muito mais. Se fosse mesmo para ser alguma coisa comigo, que eu fosse fazer parte da grande transformação que precisávamos, só Ele poderia me conduzir... Mas eu teria que fazer por merecer... E saber esperar, que a minha hora haveria de chegar... Na verdade, em 1968, o que sabíamos nós, que queríamos mudar o mundo? Quase nada...Sabíamos apenas sonhar... Alguns, quiseram logo alcançar o impossível, e pereceram. Outros, se enredaram no caminho de outras ilusões e de outras espertezas, e pereceram ou estão a caminho de perecer... E os vi caindo... À direita e à esquerda... Então, eu olho à minha esquerda, e tem alguém me dizendo: EU SOU O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA...

                                                       DÁ-ME A TUA MÃO...
Somos parte de algo maior, muito maior...

terça-feira, 13 de novembro de 2012

3 - Minha Primeira Campanha Política: 2012 - GUSTAVO FRUET - Parte 3

4.1 - AINDA O GOLPE DE 1964


Escrevo este depoimento pensando nos antepassados, e também nas novas gerações. Aqui, abro parêntesis:
Quarta-feira passada (dia 7), fui à cerimônia de entrega do Prêmio Fani Lerner,
[O Prêmio Fani Lerner é promovido pelo Instituto Jaime Lerner, e tem por finalidade valorizar projetos desenvolvidos com crianças de zero a quatorze anos de idade em Instituições Sociais Públicas e Privadas, ONGs e entidades mantenedoras de projetos sociais no Paraná. O Prêmio destina-se às instituições que atuam diretamente com projetos nas seguintes áreas de atuação: educação, meio ambiente, saúde, erradicação do trabalho infantil e assistência social]
, e lá estavam o amigo Gerson Guelmann e o nosso ex-governador e querido prefeito Jaime Lerner. Jaime foi amigo, muito próximo, de meu primo Veveco (Álvaro Mariano Teixeira Hardy, mineiro e arquiteto)...[sobre a família Hardy: é uma família de arquitetos (sou a "ovelha negra", engenheiro...): meu avô Raphäel, arquiteto, o tio Raphael Hardy Filho, arquiteto (minha avó Marcília o chamava de Faé, ou Fézinho, que vem de Rafaézinho, e tia Ló - a sua esposa Luzia - o chamava de Hardy, pronunciando Ardí, do francês, ou belga; meu pai, que foi da U.S. Air Force, ficou conhecido em Curitiba como major Rárdi, que era seu "nome de guerra" na FAB - Força Aérea Brasileira...), meu primo Veveco, arquiteto, sua esposa e filhas (Marisa, Mariana e Joana), também arquitetas, e meu filho, Rodolfo, também arquiteto...]
                                          Marisa (esposa), Veveco, Bituca (Milton Nascimento) e 
                                                    Fernando Navarro, em foto do arquivo do Clube da Esquina

E o por que desta digressão? Porque a cerimônia foi no cinema do Centro Israelita do Paraná, e estava eu com outro amigo, Emmanuel Faigenblum, e - na saída - fui convidado por ele a visitar o Museu do Holocausto... Na entrada, tomei nota de uma frase do escritor, sobrevivente do Holocausto, e Prêmio Nobel da Paz, Elie Wiesel: "Esquecer as vítimas é como matá-las novamente"...
Imediatamente, lembrei de meu pai. E da "Revolução" de Março de 1964... E de atrocidades... E de atrocidades vividas, pessoalmente, e contra meu povo... E da cultura e dos hábitos viciosos que produziram e produzem esse estado de coisas... Essa cultura da indiferença, da violência e da criminalidade... E da criminalidade e dos crimes sem acusados e sem culpados...
Aliás, por que das "aspas" na "Revolução"? Porque muito pouco mudou... As "revoluções" e os "golpes" não costumam ter essa capacidade... Salvo raríssimas exceções, e a um custo muito elevado, nas revoluções violentas, necessariamente com sustentação militar, e que têm como consequência governos ditatoriais... Ou nas revoluções não-violentas (atuando na relatividade da Paz), um pouco mais frequentes e bem mais frutificantes... Na verdade, "para resolver um problema, precisamos primeiro mudar a consciência que produziu o problema" (Albert Einstein, 1879-1955, Prêmio Nobel de Física de 1921, eleito "o mais memorável físico de todos os tempos", em 2009, por 100 de seus renomados pares)... Em outras palavras, "precisamos mudar por dentro"...

Na verdade mesmo, se o "outro lado" (o lado de meu pai) tivesse ganho, por certo as coisas seriam diferentes, mas não necessariamente para melhor... Seria um outro tipo de tragédia... Que também devemos evitar...

Quanto à "Revolução Redentora de 1964", que fora feita "contra os comunistas e os corruptos"... Bem..., cassou e caçou os comunistas e seus "aliados"... Quanto aos corruptos e corruptores...: no geral, no geral mesmo, falando sério, continuaram "os mesmos de sempre": como sempre, "mamando nas tetas do Estado"... Também ocorreu que  - em alguns outros casos - assumiram novas "chefias" e "comandantes", no meio político, empresarial e militar: um outro poder (UDN e militares) "se alevantava"... Com gente séria, com gente boa, mas também - e principalmente - com os aproveitadores de sempre... Mas houve também o que melhorasse: houve modernização; e houve também algumas boas intenções. Mas ocorreu também o que não precisaria ter acontecido, e que não ocorreria se nós, brasileiros, tivéssemos tido o bom senso de nos entendermos e o bom senso de sermos solidários entre nós, para - só assim - defendermos melhor nossos próprios interesses e os interesses de nosso povo. Se assim fizéssemos, não teríamos entrado na "Guerra Fria USA-URSS"; que, afinal, não era - definitivamente - problema nosso... Mas, desgraçadamente, nos comportamos como se fosse... Na realidade, não fomos suficientemente patriotas, para ver - acima dos interesses partidários - os interesses do povo e da nação.

Por isso, tenho a obrigação de relatar certos fatos (em especial para os mais jovens)... Vamos a eles:

4.1.1. O "CERCO" DO PALÁCIO GUANABARA

"O Palácio da Guanabara está sendo atacado, neste momento, por um bando
de desesperados. Fuzileiros, deixem suas armas, porque vocês estão sendo
tocados por um oficial inescrupuloso. Almirante Aragão! Almirante Aragão!
Assassino monstruoso! Incestuoso miserável. Deixe seus soldados e venha
decidir comigo essa parada. Almirante Aragão! Não se aproxime porque eu
te mato com o meu révolver!"
(palavras de Carlos Lacerda, em 1.º de abril de 1964, desafiando o Almirante Aragão, por uma rede de rádio. O Almirante protegia o Palácio Laranjeiras, residência do Presidente da República no Rio de Janeiro, situado não muito longe do Palácio Guanabara, sede do Governo Estadual, onde se encontrava Lacerda)
Sabe-se que Aragão solicitou autorização ao Presidente João Goulart para atacar o Palácio Guanabara. A autorização foi negada. Posteriormente, quando o General Amauri Kruel (comandante do II Exército, com sede em São Paulo), comunicou ao Presidente a decisão de aderir ao movimento armado, a situação do Presidente foi se deteriorando, com a adesão de guarnições do Exército, no Rio de Janeiro, ao "movimento armado". O "dispositivo militar" do Presidente foi perdendo mais e mais sustentação... Iniciavam-se as fraturas, céleres... Jango voou para Brasília, onde ainda pensava resistir. Também aí não houve apoio político ou militar... Depois, a viagem para Porto Alegre, onde Leonel Brizola e o III Exército mantinham o controle da situação. Nos pampas, novas avaliações. Finalmente, o bom senso prevaleceu: era derrota certa (com os USA do outro lado), ou uma luta fratricida que dividiria o país (com o lado de Jango inevitavelmente aliado à URSS). Tempos de "Guerra Fria"... De POA, finalmente, partiram para o exílio, no Uruguai...

E que foi feito do Almirante Cândido da Costa Aragão?
Foi imediatamente preso. Não fugiu. Ou não conseguiu fugir... Foi barbaramente torturado, conforme relato abaixo. Motivo para não ter fugido, talvez? Havia, no Brasil, uma tradição de respeito mútuo entre a oficialidade militar, mesmo entre adversários. Que seria parte, mesmo, do "esprit de corps" das instituições militares... E parte, também, da compreensível solidariedade de "camaradas de armas" e de profissionais civis também (atitude normal e corriqueira de compreensão mútua entre profissionais de engenharia, medicina, direito e demais profissões...). Mas o Almirante Aragão era a figura mais notória da "quebra de hierarquia", que ameaçara alastrar-se pelas Forças Armadas e que tinha sido, sim, o estopim da "bomba", já armada, que desencadearia o movimento militar, com apoio civil. Teria se tornado excessivamente ameaçador... E isso foi real... Mas não foi só isso, porque não fizeram o que fizeram apenas com ele, um Almirante, mas também com oficiais menos graduados, com sargentos, praças, estudantes, artistas, trabalhadores em geral. Enfim, com qualquer um que fosse identificado como ameaça ao regime ou, simplesmente, inimigo pessoal de algum poderoso de plantão...
O escritor e jornalista Carlos Heitor Cony, membro da Academia Brasileira de Letras, publicou, no Correio da Manhã, carta escrita pela filha do almirante Aragão, relatando que:
"seu pai, vítima da maldade, ódio e ferocidade, tornara-se um trapo humano na prisão, perdendo inclusive a saúde mental devido às torturas". Ficou registrado também que o Almirante Aragão, devido aos maus tratos que recebeu na prisão, ficou cego de um olho (mal menor, comparado à perda das faculdades mentais...).

[O Correio da Manhã foi um conceituado jornal diário matutino carioca, publicado de 1901 a 1974. Embora tivesse inicialmente apoiado a eclosão do movimento militar, foi - gradualmente - se afastando dos "revolucionários" e de suas práticas; o jornal, então violentamente perseguido, acabou "fechando as portas", depois da prisão da proprietária Niomar Moniz Sodré, além de seus principais redatores; também foi "sufocado" pela falta de verbas publicitárias, inclusive aquelas antes oriundas das empresas privadas; todos, sem exceção, sob inescapável pressão do governo ditatorial]

Muitos, que combateram e combatem a apuração da verdade quanto à tortura contra prisioneiros, sob custódia do Estado, alegam que havia uma guerra contra terroristas. Num certo ponto, isso foi verdade, e - registre-se - isso ocorreu em relação a poucos, pouquíssimos. Foram pouquíssimos os guerrilheiros aqui no Brasil... E muito menos ainda os terroristas... O que houve mesmo, já no mesmo dia da vitória do "movimento militar", foi a ação dos "vencedores", que venceram "sem disparar um só tiro" (porque - registre-se - do outro lado não houve reação), e saíram "matando e torturando" prisioneiros indefesos...
Isso tem um nome (inexplicavelmente, nunca mencionado): covardia. E na origem da covardia, há sempre pelo menos quatro "gigantes da alma": a ignorância, a prepotência, o ódio e o medo. Será que não podem e não poderiam imaginar as consequências junto aos familiares, cônjuges e filhos? Em alguns casos, a única saída digna, em face da impunidade vigente, foi tentar "fazer justiça com as próprias mãos"... E correndo riscos, por participar de um "bando", muitas vezes de meninos, contra o Estado Organizado (e torturador...). Enquanto, do outro lado, o dos "poderosos", o risco era mínimo; em alguns casos, como o dos "generais" e "comandantes", quase nulo... Mas, isso, os algozes - de ontem e de hoje - não querem entender... Não lhes interessa esse assunto... Sempre estiveram bem protegidos... Só o que é capaz de movê-los (perdão, comportam-se como se fossem "inamovíveis" e "inimputáveis"...; só os que aparentemente se movem são seus subordinados...)... é o MEDO... De ver acontecer, consigo mesmos, o que não querem nem saber se está acontecendo... Principalmente com os excluídos, que devem - por certo - merecer a própria sorte... Cada um, que trate de si...

"As ordens? Resolva! Pau neles! Em quem? Ora, caiu na rede é peixe, rapá! Ladrão, viciado, traficante, mendigo, matador, filhinho-de-papai, cuequinha-de-seda, "esquerdinha", prostituta, filho-da-puta, "malaco", bicha, pivete, travesti, "trombadinha", papo-cabeça, cabeção, pobre... Cê tá entendendo? Toda essa "politicalha"... "Caiu", se "não tiver grana", fodeu... Fazê o que então? Se for o caso, dá uma geral (não precisa nem o "chefe" mandar...)... Revista... Aperta... Arroxa... Por dentro e por fora... Quem? Qualquer um, se "tiver por baixo", meu! Vai ter que se explicar... Mas não vai "se meter com o neguinho errado"... Vê lá o que faz! Se for "diferente de nós", gente estranha, paraíba, gaúcho, baiano, estrangeiro, "falô enrolado", nós mostra que o cara é mais diferente ainda, tá entendendo?... Põe o bicho no lugar!... Sem preconceito... Tudo igual! Baixa o pau! E se tiver grana, e não for "vermelho"? Bem, aí é diferente... Só tem que pagar "pedágio"... Mas se o cara não tem padrinho e é perigoso... Tem que ver se tá sozinho ou não... Tem mais gente? Não? Então, tem que achar os outros, tem que acabar com os quadrilheiros... Aí vale tudo... Terror... Assusta... Arrebenta... O cara vai ter que "dançar o miudinho"... Até chegar no "aparelho"... Mas vê lá o que você vai fazer... Não vai deixar marca... É só o que falta... passar recibo não! Sabe como? Respeita as "normas"... "Estupra mas não mata"! Passou do "ponto"? "Apagou" o cara? Some com o "presunto"! "Bandido bom é bandido morto"! (ou então deixa que o mané fique pra sempre "fora da casinha", entendeu?... "Sem-teto não é testemunha"...)... E se for pra agradar o chefe? Bom, vê lá... Pedido do chefe, cara, é ordem! Faz qualquer coisa! Serviço bem feito! Faz o que o homem mandou... Tratamento VIP... Pra STF nenhum 'botá defeito'..."

Precisa dizer mais?

Da minha parte, sim. O que eu não sabia, à época, porque era muito jovem, era que:

1 - Meu pai tinha um pacto, com minha mãe. Ela cuidava da sobrevivência dos filhos. Ele, cuidaria da política, porque "o velho" estava "metido" em algo muito, muito arriscado... E o que era mais "arriscado", acabei aprendendo, é que o "velho" se incomodava em ver gente morando em favelas, se "torturava" em ver crianças e pedintes nas ruas... Queria mudanças...
2 - Ele foi torturado e humilhado. Não sei em qual ou quais ocasiões, pois foi preso muitas vezes... Em algumas situações, passou a misturar a fantasia e a realidade. Em outras, tinha "visões" de "fantasmas" e pesadelos terríveis... Mas isso não era aparente, não podia ser visto pela maior parte das pessoas, inclusive pelos seus filhos... A confirmação desses fatos obtive muito tempo depois, por depoimentos de testemunhas que conviveram com ele; inclusive, por parentes de gente "do outro lado"... Fui "juntando as peças"...
3 - Mas não foi fácil "juntar as peças". A maior parte das pessoas que são torturadas não falam. Guardam a dor e a humilhação para si. O que mais sofre, na tortura, não é o corpo, é a alma... E os torturadores, por outras razões, também não falam... É o "silêncio dos vencedores"... E o "silêncio dos perdedores"...
4 - Meu pai tinha treinamento militar, para resistir à tortura, porque foi rigorosamente educado por 3 anos, quando serviu na U.S. Air Force (no tempo da 2a. Guerra Mundial)... Então, pode ter resistido demais... E, de repente, "queimou um fusível"... É a última defesa do corpo, contra a dor que não se pode suportar...
5 - A Aeronáutica, comprovadamente, teve - em seus quadros - em especial no Rio de Janeiro, um terrível "bando de torturadores" e sádicos, de "alto nível"; afinal, é uma "tropa de elite", e eram comandados por oficiais muito bem "treinados"... Torturaram, e "acabaram" com o canto, inclusive, de Geraldo Vandré... Entre tantos outros... Impunes, nesta vida... Sabemos, a situação não foi (e provavelmente não é) muito diferente, nas demais Armas... Meu pai conviveu também, por muitos anos, com essa gente, no Rio de Janeiro...
6 - Segundo relato pessoal de minha mãe, ela não aguentou os problemas de saúde mental (que se transferem também para o corpo) e os "surtos" de meu pai. E "pediu" a separação, em 1977-78, depois de mais de 30 anos de casamento... Depois disso, ele entrou em desespero e depressão, continuada... Minha mãe, acho que nunca soube tudo que ele sofreu...; também os filhos... não sabiam - nem de longe - de toda a história... Essas coisas não se falam, silenciam-se...
7 - Anos depois da separação, e depois de longa agonia, em 1988, o Major Hardy, como era conhecido por seus alunos, e pais de alunos, suicidou-se.

Acompanhei o corpo ao IML. Minha irmã, Emília, puxou uma salva de palmas, no sepultamento...

A solução?... Em vias de completar 64 anos, diria... EDUCAÇÃO... Em profundidade... SOLIDARIEDADE... COMPARTILHAMENTO... Saúde (no corpo), sanidade (mental) e santidade (no espírito)... E menos... Menos pretensão... Geral...

[Na primeira foto acima, o então governador da Guanabara, em 1.º de abril de 1964, em mais uma de suas encenações e "bravatas". Na foto, evidentemente não aparece, por trás, o porta-aviões americano USS Forrestal e "escolta" de destróieres, vigilantes, próximos ao porto de Vitória (ES). Até aí, o "modus operandi" de Carlos Lacerda parecia funcionar; pelo menos para a "arquibancada"... Posteriormente, o udenista carioca seria também humilhado pelo general Costa e Silva e outros militares, "arquivando de vez" suas propaladas pretensões à presidência da República... Clique nas fotos para ampliar]

PS1: Assisti ontem, dia 12, na Reitoria, depoimentos para a Comissão Nacional da Verdade, entre os quais o depoimento de Tereza Urban, que conheci no dia 1.º de outubro passado, num evento onde estavam presentes também Paulo Salamuni, Marcelo Almeida e participantes do Conversa entre Amigos. Talvez essa convivência tenha estimulado também esse meu depoimento...
Assista a entrevista dela na Gazeta do Povo de 17/07/2011 em:
http://www.gazetadopovo.com.br/entrevistas/conteudo.phtml?id=1147949&tit=Teresa-a-Batista
e Uma Carta de Teresa Urban para Ismael, também na Gazeta do Povo, em 13/03/2012, no link:
http://www.gazetadopovo.com.br/blog/caixazero/?id=1233023 

PS2: Aos que conviveram com a tortura, do lado dos torturadores, aos financiadores e colaboradores, tenho uma sugestão e um pedido: confessem os seus pecados, e de seus "colegas". Publicamente. O Brasil precisa ser passado a limpo. O mundo de nossos filhos e netos merece ser melhor. Nós precisamos conhecer a nossa História no que tem de pior, reconhecer os erros para não repeti-los. Só assim seremos verdadeiramente cristãos. Quem quer ser perdoado, precisa reconhecer os erros. O arrependimento e a reparação são absolutamente necessários. Ou estaremos condenados a repetir os mesmos erros, eternamente. Sem esse papo de reencarnação para resolver os mal-feitos... Perdão não se recebe incondicionalmente, é preciso merecer. Ou não existiria julgamento. Ou não existiria Deus... "Os que mais precisariam chorar, são os que não choram nunca"...
Sei que talvez seja pedir demais. Mas para os que "não se arrependem nunca", a Memória de Deus tem a Sua solução, esta sim final: o Esquecimento, que é a segunda morte (a morte definitiva), a morte espiritual. Sim, existe um Julgamento Perfeito... Neste, as Testemunhas e os Juízes são Cristo (ou o Messias, dá na mesma...) e todos os demais sacrificados pela impiedade...
Você crê nisso??

O POVO (eu, você e nossas famílias) - DO BRASIL, DO PARANÁ E DE CURITIBA - MERECE O NOSSO AMOR. NÓS TODOS MERECEMOS MAIS. VAMOS TODOS, UNIDOS, CONSTRUIR ESSE FUTURO DE RENOVAÇÃO? PARA ISSO, É PRECISO - MESMO - MUITA SERIEDADE.