Política Pirata. Pirate Politics.

Política Pirata. Pirate Politics. Por que este blog tem esse nome estranho, 'Política Pirata'... or 'Pirate Politics'? Para estarmos atentos da enormidade do que há de pirataria na política. Afinal, é a Política que faz a mediação entre dois campos de atuação do diabo: o Dinheiro (Economia) e a Guerra...

Desterrada a justiça, que é todo o reino senão pirataria? (Santo Agostinho)

O amor antes do poder Love before power
Então o Amor com o poder Then Love with power
Para destruir o Poder sem amor.
To destroy (the) Power without love.

"The Ocean is my church and my playground."

A política e o mundo só vão mudar quando nós mudarmos por dentro, e agirmos de acordo. E isso pode ir começando hoje; pense bem... Vamos nos perguntar se o que o nosso coração sente, o que a nossa cabeça pensa, o que nossa boca fala, e o que nossas mãos fazem... é AMOR... Nossos pensamentos, palavras e ações passam pelas peneiras da VERDADE, da BONDADE e da NECESSIDADE?

"The boisterous sea of liberty is never without a wave." (Thomas Jefferson, Oct.20th, 1820)

"Ninguém pode servir a dois senhores: não podeis servir a Deus e ao dinheiro"... (Lucas 16.13; Mateus 6.24)

"Mudar o mundo, amigo Sancho, não é loucura, nem utopia... É justiça!" (Dom Quixote de la Mancha, Miguel de Cervantes)

"Uma nação que valoriza seus privilégios acima de seus princípios, está a caminho de perder ambos." (Dwight Eisenhower)

"Para encontrar a solução de um problema, é preciso - primeiro - mudar a consciência que produziu o problema." (Albert Einstein)

quinta-feira, 26 de junho de 2014

O Mundo depende do Brasil: para comer, para beber e para respirar.


Pátria Amada, Brasil

O Mundo depende do Brasil. 
E depende no que é mais básico para a sobrevivência: para comer, para beber e para respirar.

Somos a maior fronteira inexplorada do Planeta.
Temos a maior extensão de terras produtivas, para agricultura e pecuária.
Temos a maior reserva de água potável: subterrânea (Aquífero Guarani) e nos caudalosos rios brasileiros.
E temos o "pulmão do mundo", a Floresta Amazônica.

Agora, tem um porém: precisamos nos dar ao respeito. Precisamos saber negociar, através de cidadãos brasileiros que tenham honestidade e competência para defender os interesses do povo brasileiro; isso requer patriotismo; virtude que americanos, alemães, japoneses, franceses, israelenses, britânicos e a grande maioria dominante de cidadãos de outros países que estão bem "melhor na fotografia" do que nós, têm de sobra...
E daí então (partindo dessa premissa: a defesa dos nossos interesses), construir aqui, em nosso país, com a colaboração e parcerias multinacionais - em especial para acesso à mais avançada tecnologia, além de recursos humanos e de capital de que somos carentes - as novas cidades ecológicas e socialmente justas que o mundo (e a população brasileira) estão a requerer.
Mas para isso é preciso muita competência: para fazer as compras, vendas, trocas e parcerias adequadas...

E não se fazem omeletes sem quebrar alguns ovos... (os americanos e chineses sabem muito bem disso...)


sexta-feira, 20 de junho de 2014

PMDB do Paraná decide: Senador Roberto Requião é candidato a Governador

Senador Roberto Requião

O PMDB-PR, em Convenção nesta sexta-feira, 20 de junho, decidiu - depois de muita disputa entre diferentes alas do partido, lançar a candidatura do Senador Roberto Requião a Governador do Estado do Paraná. Foi rejeitada a coligação com o PSDB, para apoiar o Governador em  exercício, Carlos Alberto Richa.
É uma mudança substancial na corrida eleitoral para eleger o próximo ocupante do Palácio Iguaçu. A maioria dos deputados da legenda, bem como a Executiva Estadual, apoiavam a coligação com o PSDB; foram derrotados pelas bases do partido.
Em tese, saem beneficiados com a decisão: os Senadores Roberto Requião e Gleisi Hoffmann e a Presidente Dilma Rousseff; perdem: o atual Governador e os candidatos do PSDB e do PSB à Presidência, Aécio Neves e Eduardo Campos.
Gleisi (PT) e Requião estarão apoiando a candidatura da Presidente Dilma.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Bahia (Estádio da Fonte Nova, Salvador): Representantes de Seis Religiões Unidos na Torcida pelo Brasil e pela Paz

Algumas Questões. E Maria da Conceição Tavares em Carta Maior: Resistir para Avançar

Mário Henrique Simonsen e Maria da conceição Tavares

Brasil (e Mundo): 

Mais e maiores dilemas. Preliminarmente, antes das opiniões da nossa grande economista luso-brasileira (como eu mesmo...; portanto, sem qualquer desdouro ou ironia, como é próprio das nossas raízes...), coloco algumas perguntas; algumas questões "a trabalhar", por assim dizer...: 

1 - E a criatividade para soluções (políticas e econômicas) realmente inovadoras e benfazejas? 

2 - Não é hora de colocar para trabalhar a "direita da esquerda" e exigir e cobrar honestidade? Não é hora de punir exemplarmente, inclusive aperfeiçoando as leis e mudando a forma de composição dos Tribunais de Contas? 

3 - Como um país com tantos problemas sociais e de meio ambiente se dá ao luxo de permitir a importação e a produção local de "Ferraris" e "que tais"? Isso também não é uma forma de corrupção? A corrupção dos "desejos desenfreados" e do "consumo"? Não está na hora de darmos esse exemplo de austeridade ao mundo?

4 - Não é também hora de cobrar maior eficiência dos bancos e das "classes produtoras"? Eficiência real, que realmente "crie trabalho" e "aumente a riqueza"?... 

5 - Quais as escolhas que devemos fazer? Que produtos e que consumo devemos estimular? PIB é só quantidade ou é também qualidade? 

6 - Como lidar com os monopólios, oligopólios e cartéis? Como "defender os pequenos"? Fazendo-os estar representados "no seio" destas grandes corporações? Essas e outras questões, que andam fora das agendas jornalísticas e governamentais (principalmente), precisam entrar... Ou vamos ficar eternamente vendo "mais do mesmo"...


Maria da Conceição Tavares: Resistir para Avançar

Em conversa com Carta Maior, Maria da Conceição Tavares adverte para o risco de soluções supostamente redentoras e faz uma exortação: 'Resistir para avançar'.

por: Saul Leblon 
Arquivo
















Cautelosa, quase reticente em falar  de  economia, ‘numa hora em que tem tanta gente falando bobagem’, Maria da Conceição Tavares, a decana dos economistas brasileiros, voz   sempre ouvida com atenção quando o horizonte se anuvia, como agora, rejeita  as soluções miraculosas oferecidas  na praça para destravar os nós do crescimento brasileiro.

A campanha eleitoral antecipada na queda de braço em torno da Copa do Mundo  exacerbou a divisão do país em duas visões de futuro, diz a voz cautelosa.

Uma valoriza os avanços obtidos na construção da democracia social  nos últimos  doze anos.

Não considera  o caminho concluído, mas é o que está sendo construído.

A outra, majoritariamente abraçada pelo conservadorismo e seu martelete midiático, equipara o resultado desse  percurso  a uma montanha desordenada de escombros .Um Brasil aos cacos.

Propõe-se a saneá-lo de forma radical.

Em primeiro lugar,  esse ‘começar de novo’ retiraria  o país  das mãos do ‘populismo petista’, em outubro próximo.

Para entregá-lo em seguida a quem entende do ramo: os mercados e suas receitas de ‘contração expansiva’,  que combinam  arrocho salarial e fiscal  com fastígio dos fluxos de capital sem lei.

Na conversa com Carta Maior, Conceição  avança com cuidado, escolhendo as palavras ao transpor o limite que havia se imposto de não mexer nesse ambiente conflagrado.

‘A situação é muito delicada por conta do  encavalamento  de gargalos econômicos e  disputa eleitoral’, admite.

‘Mas o fato é que o projeto em curso é o mais adequado à sociedade brasileira’, afirma  esticando  seu divisor no campo minado.

“Avanços sociais, emprego, salário e crédito para manter a atividade  –não para puxar, me entenda, mas para manter o nível de atividade’, desfia a economista enquanto delimita a sua trincheira de resistência.

“São doze anos de estirão por essa via, agora é manter, enquanto se avança no investimento em infraestrutura, que vai puxar o novo ciclo. É o que tem que ser feito. E está sendo feito’, enfatiza para demonstrar certo desalento  em seguida:

“A maior dificuldade reside justamente nisso. Não há muito mais o que inventar,  essas coisas mirabolantes que se puxa da cabeça, como se a crise fosse uma coisa mental e não uma luta social, não fazem sentido e arriscam por tudo a perder’.

Em outras palavras, os desafios graves  não são endógenos ao modelo, nem superáveis na atual correlação de forças. Daí a dificuldade em se traçar um caminho reto e previsível em direção ao passo seguinte da história.

Quem fala entende de crise.

Conceição nasceu em abril de 1930, seis meses depois da 5º feira negra de outubro de 1929, quando as bolsas reduziram todo um ciclo capitalista de riqueza especulativa a pó e pânico.

‘O que se passa  é distinto de tudo aquilo’, dizia ela em entrevista a Carta Maior no calor dos acontecimentos da desordem neoliberal, em 2011.

Aquele  entendimento pioneiro  é reiterado hoje quase com as mesmas palavras,  agora  endossadas  pelos fatos em curso.

“Essa é uma crise que estreita o campo de manobra , ao invés de ampliá-lo, como em 29. Sim, você tem a comprovação empírica do fracasso neoliberal,  mas  são eles que persistem  e dão as cartas no xadrez  global. Vivemos um colapso do neoliberalismo sob o tacão dos neoliberais:  a pasmaceira política aqui é reflexo desse paradoxo’.

A professora de reconhecida bagagem intelectual,  em geral prefere não  avançar na reflexão política e ideológica. Mas tem feito concessões diante do cenário de areia movediça no qual a bússola política parece  ter perdido a capacidade de mediar o cipoal econômico (leia ao final desta nota trechos de um artigo de Maria da Conceição , ‘A era das distopias’, publicado originalmente na revista  Insight Inteligência).

Preocupa-a  a ansiedade que  a crispação  política injeta no quadro econômico.

‘Os partidos estão desengonçados, os movimentos sociais fracionados, os sindicatos aquém do espaço que  lhes cabe. Essa pulverização incentiva soluções redentoras’,  avisa com um misto de preocupação e revolta.

Conceição metaboliza  o diagnóstico alguns segundos  para alvejar:

 ‘Uns querem milagre social,  outros arrocho fiscal ’. Repete a disjuntiva, satisfeita com a síntese extraída  à força do denso  nevoeiro.

‘E  ambos estão desastradamente equivocados!’, arremete então escalando as sílabas.

A crítica aberta alveja, de um lado, movimentos avulsos que se comportam às vezes como clientes da sociedade e não corresponsáveis pela arquitetura  de sua emancipação.

De outro,  a pregação ortodoxa, a ecoar a agenda tucana para outubro de 2014.

‘Uns querem milagre, outros arrocho’, reitera. E nesse corredor estreito elege a resistência histórica como  o chão pelo qual vale a pena lutar nesse momento.
‘Lula está certo, em geral ele está certo’, pondera.

 ‘Lula é uma pessoa sensata, ao contrário de muitos  economistas visionários que estão à procura de um novo modelo; ele sabe que uma conquista histórica  não se pode perder’.

‘Se não há inflação de demanda, e não há,  então por que arrochar o crédito?’, questionou o ex-presidente em evento recente no Rio Grande do Sul, diante de autoridades da área econômica do governo.

Conceição o ampara.

‘A inflação de alimentos  tem origem na seca, não na exacerbação da demanda. O custo da energia, idem. Do lado externo, o dólar baixo  que desestabiliza o setor externo da economia é um reflexo da fraca recuperação mundial. Vamos negociar um novo modelo com o clima ou com o Fed ?’,  detona.

Sem mudar o tom de voz, a economista debulha e esfarela  os grãos das receitas alternativas: ‘Vamos fazer um arrocho fiscal? Arrocho quem faz são eles. Eu não recomendo mexer em modelo algum. O que devemos é sustentar  o nível de atividade  e avançar no investimento em infraestrutura , com forte aporte estatal’, discorre  já inteiramente à vontade e rompida com a decisão de não discutir ‘aquilo que vive um momento delicado’ : a luta pelo desenvolvimento brasileiro.

 Conceição  não  acredita que o país  possa recuperar integralmente o espaço perdido pela sua indústria para  a concorrência internacional. Mas preconiza  uma revitalização em novas bases. Injetando nervos e musculatura  à capacidade competitiva com uma dose combinada de  desvalorização cambial e redução do juro –‘ Não agora, no próximo governo, quando a inflação climática perder seu ímpeto’.

A reinvenção do sistema industrial conta, no seu entender, com uma alavanca fortemente apoiada em três pontos de chão firme: mercado de massa,  pré-sal e  grandes projetos de infraestrutura. ‘Não é coisa pouca’, encoraja.

 O ceticismo  dos que enxergam uma contradição insolúvel num capitalismo que bordeja a fronteira do pleno emprego não ofusca seu campo de visão.

O emprego, o salário e o crédito  ordenam a ótica histórica dessa economista que modulou  a filiação  keynesiana pela chave da esquerda.

Formam trunfos da luta pelo democracia social, não obstáculos.

 Muito diferente da estranha ponte de consenso que se esboça entre segmentos progressistas e concepções ortodoxas acerca do passo seguinte do desenvolvimento brasileiro.

Os pilares dessa construção híbrida  constatam  que o pleno emprego no capitalismo enseja ganhos salariais acima do incremento de produtividade.

Uma dissociação que resultaria em  desequilíbrios  esgotantes circunscrevendo a história em uma espécie de inferno de Sísifu: luta-se para gerar empregos até que, uma vez criados, eles se tornam disfuncionais e devem ser destruídos.

Pelo bem do sistema.

E ai de quem não o fizer.

O ‘populismo petista’ está entre os que resistem. A um custo alto para a economia.

Em miúdos e graúdos a fatura assumiria a forma de uma inflação ascendente, com retração do investimento produtivo em proveito da especulação rentista  –que se beneficia da alta dos juros inerente à tensão inflacionária do conjunto.

É o diagnóstico híbrido que se dissemina.

Mas que Conceição  rejeita.

A ideia de um sistema econômico intrinsecamente avesso ao pleno emprego é estranha a essa economista.

Como assim, se o que tivemos nos trinta anos do pós-guerra foi exatamente pleno emprego, com estabilidade, direitos  e crescimento?’, questiona.

O que existe hoje, no seu entender,  é um pouco mais complexo e enervado de história do que uma fórmula fechada em si.

A desregulação  financeira  --que se explica em parte por erros, rendições e derrotas da esquerda mundial --  catalisou e fortaleceu interesses contrários a um desenho de  desenvolvimento comprometido com a maior convergência da riqueza  e das oportunidades.

‘Aceitá-lo como inexorável explica o funeral  da socialdemocracia europeia’, diz Conceição.

Mas não significa que não se possa  –se deva, retruca--  reinventar o espaço de um desenvolvimento cuja finalidade seja gerar empregos, salários, qualidade de vida e direitos.

Esse espaço morreu na Europa hoje.

“Mas está vivo no Brasil e partes da América Latina’, lembra essa portuguesa que escolheu  a luta pelo desenvolvimento com justiça social  como sua pátria.

De dentro dela,  Conceição encara as adversidades  a sua volta e endossa a intuição de Lula e o destemor de Dilma com uma palavra  tantas vezes pertinente em sua vida: resistir, resistir, resistir.

‘Resistir para avançar. O resto é arrocho’.

Leia, abaixo, trecho de um artigo de Maria da Conceição Tavares, publicado originalmente na revista  Insight Inteligência.

A era das distopias

“As pessoas estão perdidas, não sabem como se guiar do ponto de vista político, econômico. E com isso a história parece que não se move. O futuro fica ilegível, amorfo”

“Na verdade, se o PIB é “pibinho” ou não, qual o problema? vai ser 2%, 3% ou 4%? O problema é ter emprego. Para mim, os critérios clássicos são emprego, salário mínimo e ascensão social das bases”

Desde o século XVIII, os movimentos políticos, sociais e econômicos deixaram de se orientar pela ideia de tradição, substituindo-a pela de um futuro diferente e melhor. Eles acreditavam que a história tinha um sentido, um objetivo, uma utopia: criar uma sociedade mais livre e mais igualitária.

A busca da liberdade pautou o século XIX: liberdade do indivíduo, política e econômica, representada pela Revolução Francesa. Depois, no século XX, veio o marxismo e a promessa do reino da igualdade, representada pela Revolução Russa. Foi também em nome da igualdade que se construiu o Estado do bem-estar, como uma alternativa ao socialismo.

O planejamento era uma ideia inseparável dessa visão de mundo. Democratização, planificação, esse é o século XX. As pessoas acreditavam que o futuro estava destinado a isso. E orientavam-se politicamente em função da reconstrução do mundo. Mas essa orientação histórica rumo à liberdade e à igualdade, elaborada no Iluminismo, acabou no final do século XX.

Acho difícil saber para onde vamos. Não dá para dizer se o resultado do que está ocorrendo será positivo ou negativo, à luz do que se conheceu até aqui. O que ocorre hoje pode ser uma transição ou um apodrecimento. Transição não sei para quê, porque não há uma utopia prévia. Você podia falar em transição para o socialismo no século XVIII ou XIX porque estavam lá as manifestações e as utopias prévias. Mas, agora, a transição para o socialismo quer dizer o quê?

Tudo bem, pode ser que seja um viés reformista da minha geração... Eu sou uma adolescente do século XX e me identifico muito com ele, a favor do que era bom, e contra o que era ruim. Por outro lado, não vejo causas que sirvam para agregar de forma propositiva tantos interesses fracionados. Ninguém sabe como reagir se não há conceito e pensamento, organizados a partir de uma utopia. Acho que esta sensação de impotência, de não se ver ninguém pensando diferente, deriva daí.

Diga-me um autor relevante que não esteja pensando dessa maneira, prostrado pela falta de alternativas? Não há ousadia em nada, pelo menos do ponto de vista do pensar. Ninguém na academia está falando nada muito diferente. Por isso, não gosto de dar entrevista, não quero engrossar o coro de lamentação dos intelectuais. Pode ser que eu já esteja ultrapassada, que esteja velha. Mas é como eu estou vendo. De qualquer forma, esse ciclo vai passar. Torcemos para que ele não seja longo’.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Mikhail Rozhkov, músico que encarna a alma russa: áudio via rádio Voz da Rússia

Mikhail Rozhkov, 95 anos, e sua balalaica
Foto: Фото Горький
Recentemente, o fantástico músico Mikhail Rozhkov celebrou o seu aniversário. Quando olhamos para esse homem enérgico, aprumado, que dedilha confiantemente com os dedos as cordas da balalaica, é impossível acreditar que Mikhail celebrou os seus 95 anos.

Não deixe de ouvir o áudio em:

“Não encontro palavras para exprimir o quanto gostei da sua interpretação. Eu gosto tanto de balalaica!”, exclamou o famoso pianista Van Cliburn, dirigindo-se a Mikhail Rozhkov depois de um concerto.
Yehudi Menuhin escreveu na sua fotografia oferecida a Rozhkov: “Para Mikhail Rozhkov, músico que encarna a alma russa, graças a quem eu vivi o acontecimento mais emocionante na minha vida”.
“Paganini da balalaica russa”, foi assim que o notável maestro alemão Herbert von Karajan chamou ao nosso famoso concidadão.
Mikhail Rozhkov recorda assim esse episódio:
“Recordo que Karajan nos veio visitar. Ele e a sua orquestra estavam sentados na sala de concertos da Casa da Amizade. Bem, eu nem toquei mal. Depois, pediram-me para tocar para Karaja a rapsódia de List. Quando acabei de tocar a rapsódia, Karajan saltou, correu para o palco, pegou-me no braço e gritou: “Paganini! Paganini da balalaica!”. A partir daí passaram a chamar-me “Paganini da balalaica”.
Mas eu previno sempre aos músicos: cuidado com a música clássica! Não a assassinem! Escolham as obras clássicas que soam dignamente nos vossos instrumentos. Como, por exemplo, “Alecrim Maravilhoso” de Fritz Kreisler”.
E uma obra clássica como a “Dança das Espadas” de Aram Khatchaturian só pode ser interpretada apenas pelo “Paganini da balalaica”
A propósito, Khachaturyan reagiu assim à interpretação da sua obra: “Eu compus a Dança das Espadas para uma orquestra sinfônica de 92 músicos. É impossível compreender como ela soa de forma tão virtuosa na balalaica de três cordas de Rozhkov”.
A balalaica de Mikhail Rozhkov soa em muitos filmes soviéticos:
“Toquei em muitos filmes. Às vezes, vejo televisão e, de súbito, ouço a minha balalaica. Reconheço-a logo. Ela soa de forma madura. Tento fazer com que ela soe meigamente. A minha balalaica difere das outras porque ela chega obrigatoriamente ao coração. A balalaica é um instrumento popular. O seu próprio nome recorda-nos isso: “balakat” significa falar bem, divertir. Eu toco em conformidade com a natureza do meu instrumento. A minha balalaica aquece a alma do povo. A própria maneira de musicar mostra o caráter do homem russo”
A balalaica entrou na vida de Mikhail na mais tenra idade. Ele era a oitava criança na família. Viviam em grande pobreza e o rapaz, a partir dos dez anos, ganhava como carregador na estação. A casa dos Rozhkov em Nizhny Novgorod encontrava-se perto do lugar onde o rio Oka conflui no Volga. Não havia dinheiro para pagar a travessia. Por isso Mikhail atravessava o Oka a nado para ir à Feira de Nizhny Novgorod, onde tocavam orquestras de instrumentos populares. Pouco tempo depois, o próprio rapazinho começou a tocar numa orquestra infantil de instrumentos populares, onde aprendeu a tocar em quase todos os instrumentos. Foi precisamente então que ele pegou pela primeira vez numa balalaica.
Quando Mikhail fez 16 anos e chegou a hora de escolher a profissão, ele disse firmemente ao seu mestre e maestro da orquestra que queria estudar para ser músico ou maestro. Em 1934, Mikhail Rozhkov foi para Leningrado, onde ingressou na Escola de Música Mussorgsky. Nos exames de admissão, declarou decididamente que tocava todos os instrumentos e que devia ser admitido obrigatoriamente. Deram-lhe uma domra, e ele tocou; deram-lhe uma viola, e ele tocou. O mundialmente conhecido maestro teve problemas com a balalaica: rebentaram-se as cordas quando ele “mostrava perícia”. Porém, o jovem insistente e claramente talentoso foi admitido na escola.
Mikhail Rozhkov chama “Queridinha” à sua balalaica. Ela foi fabricada em 1932 pelo conhecido mestre Semion Satzky. Ele conhecia o segredo da madeira cantante, vagueava pelos bosques e batia nos troncos. Certa vez, ele bateu nos parapeitos e nas portas da quinta de Vasili Andreev, criador da primeira orquestra folclórica russa, e exclamou: é impossível encontrar melhor material para um instrumento. Desse modo, a vida de Vasili Andreev ficou ligada à de Mikhail Rozhkov.
Os músicos profissionais, ao ouvir os trinados virtuosos do instrumento de três cordas de Rozhkov, espantam-se: com essa idade, os músicos têm dedos de pedra, enquanto Rozhkov continua a fazer milagres com eles. O músico de 95 anos responde a isso:
“Para tocar bem na balalaica, seguro-a nas mãos de três a quatro horas diariamente. É necessário treino diário como no circo. É preciso treino para dominar bem qualquer profissão, considera Mikhail Rozhkov”.
Além dos exercícios constantes na balalaica, o músico continua, mesmo hoje, a praticar diferentes tipos de desporto, que ajudam a conservar a forma profissional, porque os tocadores de balalaica tocam curvados, com o peito apertado. Por isso, no inverno, Mikhail esquia e, no verão, anda de bicicleta. Nada na piscina e faz passeios a pé.
Mikhail Rozhkov olha com otimismo para o futuro da balalaica russa:
“Não faltam professores de balalaica em todos os estabelecimentos de ensino. Todos tocam bem e ensinam bem a sua disciplina. E também não há falta dos que querem aprender essa profissão. Por isso, a balalaica continuará a viver!”
Leia mais: http://portuguese.ruvr.ru/2013_12_17/Mikhail-Rozhkov-musico-que-encarna-a-alma-russa-8156/