“Não encontro palavras para exprimir o quanto gostei da sua interpretação. Eu gosto tanto de balalaica!”, exclamou o famoso pianista Van Cliburn, dirigindo-se a Mikhail Rozhkov depois de um concerto.
Yehudi Menuhin escreveu na sua fotografia oferecida a Rozhkov: “Para Mikhail Rozhkov, músico que encarna a alma russa, graças a quem eu vivi o acontecimento mais emocionante na minha vida”.
“Paganini da balalaica russa”, foi assim que o notável maestro alemão Herbert von Karajan chamou ao nosso famoso concidadão.
Mikhail Rozhkov recorda assim esse episódio:
“Recordo que Karajan nos veio visitar. Ele e a sua orquestra estavam sentados na sala de concertos da Casa da Amizade. Bem, eu nem toquei mal. Depois, pediram-me para tocar para Karaja a rapsódia de List. Quando acabei de tocar a rapsódia, Karajan saltou, correu para o palco, pegou-me no braço e gritou: “Paganini! Paganini da balalaica!”. A partir daí passaram a chamar-me “Paganini da balalaica”.
Mas eu previno sempre aos músicos: cuidado com a música clássica! Não a assassinem! Escolham as obras clássicas que soam dignamente nos vossos instrumentos. Como, por exemplo, “Alecrim Maravilhoso” de Fritz Kreisler”.
E uma obra clássica como a “Dança das Espadas” de Aram Khatchaturian só pode ser interpretada apenas pelo “Paganini da balalaica”
A propósito, Khachaturyan reagiu assim à interpretação da sua obra: “Eu compus a Dança das Espadas para uma orquestra sinfônica de 92 músicos. É impossível compreender como ela soa de forma tão virtuosa na balalaica de três cordas de Rozhkov”.
A balalaica de Mikhail Rozhkov soa em muitos filmes soviéticos:
“Toquei em muitos filmes. Às vezes, vejo televisão e, de súbito, ouço a minha balalaica. Reconheço-a logo. Ela soa de forma madura. Tento fazer com que ela soe meigamente. A minha balalaica difere das outras porque ela chega obrigatoriamente ao coração. A balalaica é um instrumento popular. O seu próprio nome recorda-nos isso: “balakat” significa falar bem, divertir. Eu toco em conformidade com a natureza do meu instrumento. A minha balalaica aquece a alma do povo. A própria maneira de musicar mostra o caráter do homem russo”
A balalaica entrou na vida de Mikhail na mais tenra idade. Ele era a oitava criança na família. Viviam em grande pobreza e o rapaz, a partir dos dez anos, ganhava como carregador na estação. A casa dos Rozhkov em Nizhny Novgorod encontrava-se perto do lugar onde o rio Oka conflui no Volga. Não havia dinheiro para pagar a travessia. Por isso Mikhail atravessava o Oka a nado para ir à Feira de Nizhny Novgorod, onde tocavam orquestras de instrumentos populares. Pouco tempo depois, o próprio rapazinho começou a tocar numa orquestra infantil de instrumentos populares, onde aprendeu a tocar em quase todos os instrumentos. Foi precisamente então que ele pegou pela primeira vez numa balalaica.
Quando Mikhail fez 16 anos e chegou a hora de escolher a profissão, ele disse firmemente ao seu mestre e maestro da orquestra que queria estudar para ser músico ou maestro. Em 1934, Mikhail Rozhkov foi para Leningrado, onde ingressou na Escola de Música Mussorgsky. Nos exames de admissão, declarou decididamente que tocava todos os instrumentos e que devia ser admitido obrigatoriamente. Deram-lhe uma domra, e ele tocou; deram-lhe uma viola, e ele tocou. O mundialmente conhecido maestro teve problemas com a balalaica: rebentaram-se as cordas quando ele “mostrava perícia”. Porém, o jovem insistente e claramente talentoso foi admitido na escola.
Mikhail Rozhkov chama “Queridinha” à sua balalaica. Ela foi fabricada em 1932 pelo conhecido mestre Semion Satzky. Ele conhecia o segredo da madeira cantante, vagueava pelos bosques e batia nos troncos. Certa vez, ele bateu nos parapeitos e nas portas da quinta de Vasili Andreev, criador da primeira orquestra folclórica russa, e exclamou: é impossível encontrar melhor material para um instrumento. Desse modo, a vida de Vasili Andreev ficou ligada à de Mikhail Rozhkov.
Os músicos profissionais, ao ouvir os trinados virtuosos do instrumento de três cordas de Rozhkov, espantam-se: com essa idade, os músicos têm dedos de pedra, enquanto Rozhkov continua a fazer milagres com eles. O músico de 95 anos responde a isso:
“Para tocar bem na balalaica, seguro-a nas mãos de três a quatro horas diariamente. É necessário treino diário como no circo. É preciso treino para dominar bem qualquer profissão, considera Mikhail Rozhkov”.
Além dos exercícios constantes na balalaica, o músico continua, mesmo hoje, a praticar diferentes tipos de desporto, que ajudam a conservar a forma profissional, porque os tocadores de balalaica tocam curvados, com o peito apertado. Por isso, no inverno, Mikhail esquia e, no verão, anda de bicicleta. Nada na piscina e faz passeios a pé.
Mikhail Rozhkov olha com otimismo para o futuro da balalaica russa:
“Não faltam professores de balalaica em todos os estabelecimentos de ensino. Todos tocam bem e ensinam bem a sua disciplina. E também não há falta dos que querem aprender essa profissão. Por isso, a balalaica continuará a viver!”
Leia mais: http://portuguese.ruvr.ru/2013_12_17/Mikhail-Rozhkov-musico-que-encarna-a-alma-russa-8156/
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