Rebelião na Penitenciária de Cascavel |
A notícia:
"O Departamento Penitenciário do Paraná (DEPEN), órgão do Governo do Estado, informou que pelo menos quatro detentos morreram durante uma rebelião na Penitenciária Estadual de Cascavel (PEC), no oeste do Paraná. Dois deles foram decapitados, e outros dois morreram após serem atirados de cima do telhado na PEC. Há relatos de mais feridos, mas o número não foi confirmado pelo DEPEN."
Meu comentário:
Barbárie.
NO BRASIL
Ainda na primeira infância, assisti minha mãe (que era educadora, de profissão) repreendendo um aluno que "torturava" um pequeno animal; no caso, um inseto. Ela disse ao menino que matasse o animal, mas não maltratasse... Para mim, esse episódio longínquo diz muito sobre o respeito à vida. Tratava-se de um animal, inferior na escala evolutiva, um inseto; mas um ser vivo. Que dizer, então, de um ser humano??
Diz também sobre a Cultura da Tortura e da Violência. E faz pensar sobre os nossos Poderes Legislativo e Judiciário. Sim, porque - com alta dose de hipocrisia e suposto "cristianismo" - não aceitamos a "pena de morte", mas não somos capazes de garantir a dignidade da vida humana. Ao mesmo tempo, assistimos 50 mil assassinatos por ano (80% de jovens do sexo masculino) e outros 50 mil mortos na violência do trânsito. Somos, pois, uma sociedade violenta, sob um manto de cordialidade (executiva, legislativa e judiciária). Nossa cultura (que precisa ser da paz; e, por isso, punindo a violência), bem como nossos arcabouço jurídico e penal, desafinada e concertadamente, conduzem essa situação.
Em outras palavras, nossa cultura mais que arraigada, bem como nossos Legislativo e Judiciário (subprodutos), acabam levando à violência ao arrepio da lei, praticada pelo próprio Estado (aí, representado pelo Executivo), que - não dando conta de suas obrigações - "mete os pés pelas mãos"...
NO PARANÁ
A Penitenciária de Cascavel é da responsabilidade do Governo do Estado.
O Estado, apesar das dificuldades, vinha apresentando - historicamente - índices melhores que os dos outros Estados, inclusive na área de Segurança. Não é mais o que acontece.
Algumas informações relevantes sobre este episódio:
A penitenciária abrigava, no momento da rebelião, 1040 detentos. Foi programada para ser atendida por 200 agentes penitenciários. No momento da rebelião, ao que se sabe, durante o café da manhã, operava com apenas 9 agentes. Isso sem que tivesse ocorrido a instalação e disponibilização de dispositivos eletrônicos que pudessem diminuir a necessidade de pessoal. Acresce a isso que os fornecedores do Estado estão com os seus recebimentos atrasados.
São dados importantes. Como se diz, "para bom entendedor, meia palavra basta"...