Teresa Urban |
A Comissão Nacional da Verdade (CNV) realizou uma audiência pública em Curitiba, na Universidade Federal do Paraná. A jornalista Teresa Urban prestou seu depoimento à CNV, numa das raras ocasiões em que falou sobre as violações de Direitos Humanos que sofreu durante o período da Ditadura.
Teresa morreu aos 67 anos na noite do dia 26 de junho, em Curitiba, 7 meses após ter participado da audiência da CNV.
"O dia e meio que eu passei na Delegacia de Vigilância e Captura me ensinou mais sobre todo esse período... do que todo o resto. Eu fiquei presa na Delegacia de Vigilância e Captura com mais ou menos com umas trinta ou quarenta prostitutas; todas nuas, mantidas numa sala gelada. E ali eu descobri uma coisa que gostaria de compartilhar com vocês. Nós estávamos vivendo um período de exceção. Para elas e para grande parte da sociedade, aquilo que era a nossa exceção, era a regra. Isso me marcou profundamente".
"Esse era o tratamento que o povo brasileiro recebia no cotidiano. A minha angústia é que continuam recebendo. Eu não digo que nós não temos uma conta a acertar. É uma conta ampla, é uma conta que requer um método mais sofisticado... porque nós precisamos contextualizar cada uma dessas coisas; nós precisamos nomear, parar com esse binômio torturador-torturado; e nós precisamos localizar quem mandou, quem fez, quem responde por, quem sabia... quem financiou"...
"... E aí... todas as manhãs, eu... fumo uma cigarrilha, bebo um cigarro (na verdade, bebia Coca-Cola...) e leio um jornal: três coisas que eu não devia estar fazendo, mas que eu continuo fazendo..."...
"Dizem... dizem que Sócrates dizia que só vê o fim da guerra quem morre... Bom..., nós estamos vivos, e bem... E a guerra continua... Gente, nós temos um bom trabalho a fazer, obrigado."
Teresa Urban
Neste depoimento, que assisti na Reitoria da UFPR, ela fala também das origens históricas da tortura e dos castigos físicos, no país. Fala de pesadelos. Escravidão. Meninos mortos. Chacinas. Assassinatos. Ônibus queimados. Sequestros. Mortes sem explicação. Suspeitos mortos. Balas perdidas.
Data: 12/11/2012
Edição: Thiago Dutra Vilela (CNV)
Vinheta: Thiago Dutra Vilela (CNV)
Trilha Sonora da Vinheta: Gustavo Lyra (http://abre.ai/dayone)
Arte do canal: Paula Macedo e Isabela Miranda (CNV)
Captação de imagens e áudio: Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
Saiba um pouco mais, acessando o link, com entrevista da Teresa - em 17/07/2011 - para a Gazeta do Povo:
http://www.gazetadopovo.com.br/entrevistas/conteudo.phtml?id=1147949&tit=Teresa-a-Batista