segunda-feira, 11 de abril de 2016

Impeachment de Collor x Impeachment de Dilma: sensíveis diferenças


DILMA x COLLOR
IMPEACHMENT DE COLLOR x IMPEACHMENT DE DILMA
1. NÓS E ELES: Em 1992, os "nós" e os "eles" estavam unidos. O impeachment foi quase uma unanimidade. 
Agora, apesar do massacre midiático da Presidente, 61% querem o impeachment, 33% não querem e 6% estão indecisos ou não sabem (última pesquisa Datafolha, 09/04/2016). Há grandes setores da sociedade apoiando o Governo constituído, não apenas apoiando a Oposição. O país está (cada vez mais) dividido. E a maré está virando: "pode-se enganar a todos por algum tempo; pode-se enganar alguns por todo o tempo; mas não se pode enganar a todos por todo o tempo". Porque o povo, pode parecer que não tem cabeça, mas tem. E com tempo, tem também tempo de sentir e pensar. E o massacre da Presidente começou no dia da posse; já são mais de 15 meses; e o povo sentindo...

2. "O POTE": no caso do ex-Presidente Collor, havia a ação direta do seu braço direito PC Farias (depois assassinado), caracterizando uma ação direta de Collor para amealhar recursos pessoais para si e para o seu grupo. Em outras palavras, todo mundo mete a mão no pote, mas COLLOR QUIS LEVAR O POTE PARA CASA
No caso da Presidente Dilma, está claro que a empresa ODEBRECHT é que quis "levar o pote para casa", com a conivência - diga-se - de muita gente importante. As suas duas maiores concorrentes e partícipes da "máfia" (ou cartel), as gigantescas construtoras, também multinacionais (e, como a Odebrecht, braços de grupos empresariais ainda maiores), Andrade Gutierrez, de origem mineira, e Camargo Correa, paulista, estranhamente, já firmaram acordo para, cada uma, pagar R$ 1 bilhão em sanções ao governo; com isso, "apagar o passado" e seguir em frente... Bom, muito bom, "meno male" (para elas, Camargo e Andrade; e para eles, os controladores das empresas e suas equipes); dado os valores em jogo, é quase um "pixuleco"... Quem negociou, e quem (a seguir) aceitou a negociação, pelo lado do governo?? 
Por outro lado, estima-se que os vorazes baianos da Odebrecht possam acumular perdas que atinjam R$ 100 bilhões (ou mais até; impossível prever). Dois pesos e duas medidas...Todas as três empresas citadas (e outras mais do cartel) contribuíram para as campanhas das chapas majoritárias encabeçadas por Aécio Neves, PSDB, e Dilma Rousseff, PT. Bem como para muitos senadores e deputados também eleitos na mesma eleição tão contestada, a de 2014. A PRESIDENTE, PESSOALMENTE, NA SUA VIDA PRIVADA, NÃO TERIA SE BENEFICIADO DE IRREGULARIDADES, tanto quanto se sabe. Institucionalmente, dentro do Sistema Político e Eleitoral vigente, TODOS OS PARTIDOS E CANDIDATOS PUDERAM SE BENEFICIAR DO ESQUEMA. Com um detalhe: CORRUPTORES NÃO PAGAM PROPINAS E DOAÇÕES ELEITORAIS (OU ESCOLHEM QUEM DELATAR) EM FUNÇÃO DO PASSADO, É SEMPRE PELO QUE ESPERAM RECEBER NO FUTURO. CORRUPTOS ENDINHEIRADOS TÊM INTELIGÊNCIA, NEM QUE SEJA PARA FAZER DINHEIRO, E NÃO COSTUMAM TER MUITO SENTIMENTO DE GRATIDÃO PELA PLEBE, POLÍTICA OU NÃO... Dinheiro, mormente na era digital que vivemos, não tem sexo, cor, religião, moral, profissão ou partido... Se o que se quer, realmente, é "ACABAR COM A CORRUPÇÃO", é preciso MEXER NAS BASES, NA ESTRUTURA, não basta "cortar a cabeça" do Síndico(a) do Prédio, como bode (ou cabra) sacrificial expiatória, para então "seguir tudo igual", com o prédio aos cacos... 
Ou seja, todo o roteiro dessa crise sugere o tradicional processo do jeitinho brasileiro de "mudar para que tudo continue como sempre foi"... Só que, desta vez, com a adição de uma dose cavalar de burrice. Burrice para o país; burrices e safadezas que afetam o povo; na verdade, tem gente viva até demais nessa história toda... Que Deus nos proteja... 
Esperança: "Deus é brasileiro" e alguma coisa de bom há de sair disso tudo...

3. ECONOMIA: o ex-Presidente Collor passou dois anos e meio administrando mal a Economia; foi-lhe dada uma oportunidade de dizer a que teria vindo: dois anos e meio no comando do Executivo. E a Economia, no seu mandato, foi indo para o brejo, levando à insatisfação popular. Na sua Vice-Presidência, por sorte do país, um homem de reputação ilibada, o ex-Prefeito de Juiz de Fora e ex-Senador por Minas Gerais, Itamar Franco, que não sofria acusações de corrupção. 
Já a Presidente Dilma foi reeleita com o voto da maioria dos eleitores, em 2.º turno: sinal que a Economia ainda não estava tão mal, para grande parcela da população. Mas, com a queda do preço das commodities, em especial do petróleo e outros minerais, a arrecadação por essas vias (empresas estatais, direitos de exploração, royalties e lucros sobre a exploração mineral) caiu muito, o que obrigaria necessariamente suprir os custos governamentais através de novos impostos; e rápido, porque o horizonte estava coberto de nuvens carregadas. Aprovar um novo imposto, a CPMF, era fundamental. Mas a Câmara, liderada por um notório investigado, "brecou" qualquer solução. Com o objetivo claro de criar problemas para a Presidente. Na articulação política do Executivo, um aliado do Presidente da Câmara, o Vice-Presidente Michel Temer, a esta altura já mordido pela mosca azul do Poder. 
A FIESP, poderosa organização que representa o PIB paulista, colocou-se em oposição - como se fosse um dogma; ou antídoto contra governos corruptos (empresários, jamais...) - a quaisquer aumentos de impostos (inclusive, e principalmente, a CPMF, imposto desde sempre execrado, por ser um imposto que lhes dificulta sonegar até mesmo outros impostos, inclusive o Imposto de Renda); para tanto, esquecem inúmeras isenções recebidas em passado recente; e cientes, bem cientes, das consequências que se sabia ocorreriam na Economia: Recessão; Desemprego; Inflação; sem PIB crescendo, só restaria aumentar os Juros para conter a Inflação. Mas os cientistas políticos sabem muito bem, e as demais pessoas esclarecidas também sabem, que NÃO SE CONSEGUE DERRUBAR GOVERNO QUANDO A ECONOMIA VAI BEM.
Mas, NEM BEM O TSE AINDA TERMINAVA A CONTAGEM DOS VOTOS, E COMEÇARAM A FALAR EM ELEIÇÕES ROUBADAS E JÁ PULULAVAM AS CONSPIRATAS MIDIÁTICAS E DE BASTIDORES PELO IMPEACHMENT. Depois, "fecharam as torneiras" do Orçamento, impedindo Receitas (Impostos) e forçando a aprovação de Despesas; com o Presidente da Câmara, Eduardo Cunha, apoiado pelas "forças ocultas" sobejamente conhecidas, fazendo todo o possível para atrapalhar e até impedir o Governo de governar. Agora, são as consequências. Como sempre, "a verdade ou as consequências"...

4. ELEIÇÕES FUTURAS: Collor saiu escorraçado. Perdeu e renunciou. E nem a renúncia serviu para parar o processo. Àquela altura, tinham ficado bem claras quais eram as práticas de Collor e de PC Farias, achacando grandes empresários. A criatura voltara-se até mesmo contra seus criadores globais... A grande maioria da população, em torno de 90%, não tinha mais dúvida de que era ele, o Presidente, responsável por crimes no exercício da Presidência; e que, portanto, devia sair. 
Dilma não tem fortuna pessoal; e não tem contas na Suíça ou demais paraísos fiscais, tanto quanto se sabe. E onde estão as provas de roubos substanciais do ex-presidente Lula? Pedalinhos para os netos, um triplex que não chegou a comprar, pequenas e não-tão-pequenas mutretas dos filhos do nosso ex-Presidente, agora alcunhado de Brahma, sim, tudo isso demanda explicações e pode dar cadeia e resultar em outras penas. Então, que sigam as investigações e que prossigam os processos, sem prejulgamentos, podendo tudo isso redundar em novas descobertas e em novas provas contra os familiares do ex-Presidente... 
MAS NADA DISSO OCORREU COM A PRESIDENTE DILMA. 
Com tudo isso, porque o povo está vendo muita ladroagem de muita gente, e isso interessa sim, interessa muito; mas interessa ainda mais ao povo, ao escolher entre os ladrões, ficar com aquele que "rouba menos" e é mais "amigo". Então, as últimas pesquisas de intenção de voto dão MARINA, que não foi enlameada, na frente, com LULA em segundo e AÉCIO em terceiro... Agora então, com a grande rejeição do povo aos políticos em geral, só ficará faltando que as 'Organizações Globais Big Brother', sob a inspiração de Joseph Goebbels ("Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade"), tirem da cartola um novo Collor... Quem será?? Façam suas apostas...

5. RUA E PODER: Em 1992, o povo foi para a rua conclamado por muita gente de reputação ilibada. Hoje, são NOTÓRIOS CORRUPTOS CHAMANDO O POVO PARA AS RUAS. Apesar de todo o "massacre" midiático, O POVO NÃO VAI: de 200 milhões de habitantes, no máximo 6 milhões participaram das últimas manifestações, em todo o país. 97% NÃO VAI. O povo está silente, assistindo estupefato esse desavergonhado circo de horrores, patrocinado por gente poderosa, mas irresponsável com o país; que só pensa nos seus interesses comerciais. Isso não é elite. Está ficando cada vez mais claro que o país não tem elite, no sentido de que uma elite deve representar "o que há de melhor" numa sociedade. O que a 'Lava Jato' - definitivamente - está revelando, é que a minoria que detém o prestígio e o poder no país (inclusive o 'Poder Corruptor'), não são os melhores; pois não têm se comportado à altura de suas responsabilidades, especialmente o Congresso; que, sucessivamente, vem mantendo os Presidentes democraticamente eleitos, reféns de seus achaques e de suas chantagens. Para que haja equilíbrio entre os Poderes, precisamos ter um Poder Legislativo que - primordialmente - LEGISLE; e que deixe o Executivo EXECUTAR, sem interferências excessivas. É preciso, portanto, uma Legislação que equilibre melhor a relação do Legislativo com o Executivo, retirando do Legislativo o poder de ficar planejando e executando políticas e orçamentos. Um país com as dimensões do Brasil precisa, sim, ter uma Presidência forte, ou fica ingovernável. Veja-se os casos da China, Estados Unidos e Rússia, países continentais, de grande população e de grande complexidade, como o nosso; todos, desde sempre, com Executivos fortes. Isso também é da tradição brasileira, desde o Brasil Colônia, passando pelo Império e chegando à República.

6. É GOLPE? IMPEACHMENT É GOLPE OU NÃO É GOLPE? Não, impeachment e golpe são coisas diferentes, evidentemente. São palavras diferentes. O impeachment é um instrumento legal que se usa para "tirar" o(a) Presidente. O impeachment é o ato (final) de destituir o(a) Presidente, mas com o devido processo. Que é legal e é político. Portanto, precisa ver como se chega lá. Porque um impeachment não se sustenta apenas pelo aspecto jurídico; é também um processo político.
Exemplo: uma equipe ganha o Campeonato. No caso, a (para alguns) malfadada Eleição de 2014. Apesar das regras do certame terem sido as mesmas para o vice-campeão, e apesar de que este tenha usado as mesmas armas, o 2.º colocado se insurge e diz que foi "roubado":
- "Levei uma cotovelada!"
- "Mas você também deu"...
- "Isso não vem ao caso"...
- "E agora, que eu já ganhei o campeonato, você quer me passar uma rasteira. Isso é golpe"...
- "Não é verdade! E nessa briga no tapetão (ou é tatame?) vale até rasteira"...
- "Ah, entendi!... Nesse jogo, o IPPON, que é o 'golpe perfeito' ou golpe final do judô e do karatê, aqui se chama de... IMPEACHMENT"...
É importante - portanto - entender que impeachment não é golpe. Para se chegar à decisão final, precisa de todo um processo: mídia, juízes, mídia, advogados, mídia, povo na rua, mídia, economia no buraco, mídia, políticos, mídia, entidades classistas, mídia etc... Definitivamente, impeachment não é golpe. É só o "empurrãozinho", ou o "truque" final. Ou ainda: o "Gran Finale"... É preciso um complicado, e até monstruoso, trabalho de engenharia política para chegar a um impeachment. Mormente, quando se quer derrubar uma Presidente que acabou de ser eleita. 
Afinal, até mesmo a destituição do Presidente João Goulart pelos militares, embora destituída das sutilezas de hoje, teve apoio popular e foi Congressual, por ato do Presidente do Congresso, Senador Auro de Moura Andrade, do PSD de São Paulo. Logo em seguida, o Congresso, "protegido" pelas forças militares, "elegeu" o Marechal Castelo Branco... Na época, para os então vencedores, suprema ironia, o Golpe não foi Golpe, foi uma "Revolução"... Recordar é viver... Como sempre, a corrupção começa pelas palavras. Porque não existe corrupção sem mentira.
E assim vai, num crescendo de acusações mútuas... Até que chega o processo aos juízes do caso, nos famosos "tapetões" do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal ... Tudo isso, depois de "acabar com a alegria do povo", via desemprego, durante mais de um ano inteiro; e sabendo-se que "a coisa" ainda vai mais longe... O povo, já a esta altura, de "saco muito cheio"... Até que chegamos ao Dia "D", o dia do julgamento da Câmara dos Deputados. Deputados que são - evidentemente - influenciados pelas suas bases (o POVO)... 
Glória a Deus! Glória a Deus que existe o Povo na Democracia!...

7. O PT: Está pagando por ter feito acordos com 'Deus e o Diabo' para conseguir a Presidência (e para manter a Presidência), mesmo à custa de ir se tornando um 'pequeno partido' sem grande base parlamentar. Não souberam fazer um partido mais inclusivo. Fizeram uma igrejinha partidária, quando podiam ter se fundido com outros partidos de esquerda para fazer um partido bem maior. Que estaria, necessariamente, mais ao centro. Como já ouvi do ex-Presidente Lula, alertando uma platéia majoritariamente petista, em especial os mais radicais: "a sociedade não é petista"... Verdade. Deviam ter entendido essa verdade de uma outra forma... Tinham que ter fortalecido o partido, aumentando sua base popular e também sua base parlamentar. Aí sim, por incluir mais gente, a sociedade poderia ir se tornando petista; e o PT ganharia maior representatividade social. Escolheram outro caminho para governar: foram diminuindo sua participação na sociedade e no parlamento, ganhando mais alguns cargos no governo e nas estatais e fazendo alianças fisiológicas e de pura conveniência... Pois é. Deu no que deu.

Agora, por favor, geral: PAREM DE AGIR CONTRA O PAÍS. 
Finalmente, deixem o governo eleito governar. O Judiciário trabalhar. E que se expurguem os criminosos. JÁ DEVIAM TER ACEITO O RESULTADO DAS URNAS. Não aceitaram. Agora, é hora de aceitar o resultado da votação na Câmara e as decisões que vierem do STF. Ganhe quem ganhar esta guerra do impeachment... NO JOGO E NA VIDA, ÀS VEZES É PRECISO SABER PERDER PARA GANHAR MAIS À FRENTE. Chega uma hora que é preciso pensar em valores maiores e SABER PARAR. Ou o preço que o nosso país vai pagar, seja pela humilhação de uma parte enorme do povo, ou pela afronta aos poderosos e endinheirados, vai ser enorme. As consequências da intolerância poderão ser sentidas por décadas futuras, e são imprevisíveis. Outros países, mais antigos do que o nosso, já mergulharam nas trevas, no passado. Melhor agir com sabedoria e prudência. 
Quanto ao povo, de todos os quadrantes e de todas as classes sociais, é hora de repensarmos também o nosso protagonismo nas mudanças necessárias. Hora de aprender a votar com a cabeça, em gente honesta, que ponha a Cidade, o Estado e o Brasil acima de interesses pessoais. Interesses pessoais que não precisam - longe disso - ser esquecidos, mas equilibrados. 
É tempo também de vir o VOTO DISTRITAL, doa a quem doer, para que o povo possa CONHECER O SEU DEPUTADO, com clientelismo ou não. Faz parte. O povo, conhecendo seu deputado distrital, vai avaliar melhor, cobrar, trocar quando necessário, ou reeleger, quando aprovar o desempenho. Tudo com maior conhecimento de causa, pelo conhecimento e pela maior proximidade com o seu Representante no Congresso ou na Assembléia Legislativa.