domingo, 30 de abril de 2017

BELCHIOR E FAGNER: HORA DO ALMOÇO




Hora do Almoço



No centro da sala, diante da mesa
No fundo do prato comida e tristeza
A gente se olha, se toca e se cala
E se desentende no instante em que fala

Medo, medo, medo, medo, medo, medo

Cada um guarda mais o seu segredo,
A sua mão fechada, a sua boca aberta,
O seu peito deserto, sua mão parada,
Lacrada e selada, e molhada de medo

Medo, medo, medo

Pai na cabeceira: hora do almoço
Minha mãe me chama: é hora do almoço
Minha irmã mais nova, negra cabeleira
Minha avó reclama: é hora do almoço

Moço, moço, moço, moço, moço, moço

E eu ainda sou bem moço pra tanta tristeza
Deixemos de coisa, cuidemos da vida
Pois se não chega a morte ou coisa parecida
E nos arrasta moço sem ter visto a vida

Ou coisa parecida, ou coisa parecida
Ou coisa parecida, aparecida
Ou coisa parecida, ou coisa parecida
Ou coisa parecida, aparecida