segunda-feira, 27 de junho de 2016

Juiz Gourmet: Quibes e Esfihas entre os mistérios gastronômicos e gastrointestinais da Planilha da Odebrecht


FUTUROLOGIA: REALIDADE SUPERANDO A FICÇÃO (E VICE-VERSA): OPERAÇÃO LAVA JATO AVANÇA NA ALTA E NA BAIXA GASTRONOMIA

Depois da 23a. Fase, denominada Operação Acarajé, novas revelações:

A Operação Lava Jato, por meio de suas delações milionariamente premiadas, está sempre ao sabor das preferências do "copeiro do rei" (o copeiro, no Velho Testamento, provava a comida do rei; era, 'por supuesto', um especialista em venenos; se comesse algo 'envenenado', poderia transformar-se em 'otário honorário do rei'; o que significava ter se tornado, também, um 'presunto', tombado a serviço de sua real majestade; ou, com extrema benevolência, se sobrevivesse à imprudência, em candidato ao ostracismo; que é, como se sabe, o ofício de comer ostras, destinado aos incompetentes...). O 'copeiro' trabalha para quem manda; e, como também se sabe, "manda quem pode; e obedece quem tem juízo".
Agora, estão os operadores da Lava Jato fazendo novas descobertas. Já se descobriu quem é o portador do codinome quibe. E também quem é o dono da alcunha, igualmente sugestiva, de esfiha. Como se pode imaginar, são dois 'patrícios' (ou 'baatrícios'...), ambos especialistas em alguns detalhes das operações de lavagem de dinheiro a jato; mas, no caso, apenas e tão somente 'bagrinhos'...
Até agora, a famosa Operação, que já tem mais de dois anos, não dissecou ou desnudou, desnudos mesmo (ou que tenham sido condenados sem mais apelação ou delação), nenhum peixe grande, grande mesmo: nem na hierarquia da República, nem na hierarquia da 'fraternidade menor' sírio-libanesa (e de suas conexões euro-cêntricas), nem no organograma das maiores sócias e sócios no cartel dos grandes fornecedores do governo, ou entre os grandes banqueiros, ou na rede internacional interligada a tudo isso; ou mesmo na relação dos mais notórios e privilegiados 'corruptos'. Tudo por alguma 'misteriosa' razão... Que apenas serviços secretos poderiam esclarecer... E, evidentemente, não esclarecerão.
E nem rolaram cabeças coroadas das grandes fortunas nacionais, só peixes pequenos e médios; desde sempre, 'as usual', parceiros menores ou secundários. A única (e desonrosa) exceção é a Odebrecht, pessoa jurídica, representada pelo Odebrecht filho, pessoa física, também escolhido por alguma "misteriosa razão" (sobejamente sabida por quem ouse pensar), razão que apenas os orixás que abençoam a Bahia de Todos os Santos - quem sabe, talvez - poderão revelar, por intermédio de algum babalorixá com maestria no jogo de búzios; que - por certo - começará intuindo o óbvio: "quiseram levar o pote para casa"...
Pode-se imaginar neste momento (a imaginação humana é fértil...), que - com o avanço das investigações - o magistrado e seus auxiliares possam degustar um pouco mais da comida árabe, para que sejam identificados também quem são o babaganuche, o charutinho, o tabule, o homus, a cafta e a coalhada seca, o que fatalmente conduziria aos mais altos escalões da República. Ou (bem) mais provável que não, pois sabe-se lá o que os caixas e os luas, esses sim pretas (assim mesmo, no masculino, mas com qualificação feminina, talvez pela sutileza dos cargos e encargos), dos 'carregadíssimos' e nada açodados - e agora abalados e, portanto, arrependidos - delatores da construtora baiana, vão resolver revelar às autoridades, para que venham habilitar-se a ganhar o cobiçado primeiro prêmio no quesito 'delação' (talvez o último a ser entregue neste processo)...
Há também o que se imagina seja uma 'grande fraternidade' nesta planilha (haja imaginação...) e nessas delações, provavelmente ligada a um onipresente partido político, cheio de tentáculos; aquele 'partidão', esse mesmo que está entranhado como um carrapato, que governa mas (aparentemente) não reina (a menos dos ex-vices Sarney, Itamar e Temer); aquele mesmo, sempre ligado, e liderando um também onipresente 'centrão'; que poderia, desde que com integrantes "presos em delação", quem sabe esclarecer o que seria (ou qual a composição) do também planilhado ninho de nozes. Afinal, 'orna' muito bem, e faz todo sentido, esse doce da culinária árabe, já que este grupo - sabidamente - desfruta, há pelo menos 30 anos, das doçuras e dos ofídicos prazeres propiciados pela intimidade e co-habitação nos palácios brasilienses. Neste caso (na verdade, impensável), muita gente mais seria assim deglutida, num verdadeiro ritual antropofágico de purificação.
Não se sabe, porém, qual o apetite dos juízes e policiais federais encarregados dos trâmites, pela degustação desses deliciosos pratos árabes. Não se imagina que possam ir tão longe; mantidos os padrões nacionais de glutoneria seguida de "jejum forçado" (onde - porém - sempre há esperança de que se atinja a maturidade e o equilíbrio; o que é um sentimento antigo, mas está sempre a se renovar...), é bem "mais fácil um boi voar"... O que se sabe, bem sabido, por enquanto, é que a preferência do 'chef' e 'copeiro' titulares, junto com seus auxiliares na 'cozinha', tem sido pelos frutos do mar, que não saem de suas cabeças de profissionais preparados e prudentes, nem do cardápio que está sendo obviamente ultimado pela equipe de 'cocineros del rey', sempre sob a batuta do 'chef' e do 'copeiro', que tudo fiscalizam, com exemplar eficiência; e que, por enquanto, não fazem - absolutamente - o papel de bobos ou de otários da corte, mas o de heróis que auguram apenas pelo 'grand finale', com direito a todas as honras da casa.
Imagina-se que, nesta apoteose, dado às grandes influências italiana e árabe na formação da nacionalidade brasileira (estima-se que mais de 40 milhões de naturais e descendentes destas duas etnias estejam hoje abrigados em Pindorama), bem como pelos laços familiares do próprio "copeiro", que italianos, sírios-libaneses e uma legião de convidados de outras etnias (afinal, neste nível, como sabemos, não se registra nenhum tipo de preconceito racial ou étnico no Brasil), se reúnam para degustar um grande, gordo e conhecido fruto do mar, este de tamanho digno de um Guiness Book, que possivelmente será esquartejado de forma a servir a todos neste banquete; ou quem sabe ainda, talvez possa também ser ofertada mais uma iguaria a ser capturada, uma lagosta vermelha gigante, que é a preferida no nordeste brasileiro. Uma daquelas de abalar até mesmo o General De Gaulle, aquele invejoso francês dos tempos da 'Guerra da Lagosta', que - de olho nos crustáceos nordestinos - queria invadir nosso mar territorial e, injustamente, depois de barrado pelos nossos patriotas militares, declarou - despeitado e de nariz levantado - que 'Le Brésil n'est pas un pays serieux'.
Invejosos...
Completando o pantagruélico banquete, ainda nas cogitações do 'chef' (e com todo apoio do 'copeiro'), o cardápio indica ainda uma enorme pizza de frutos do mar, para agradar gregos e troianos (ou 'turcos', italianos e demais convivas...). Com fish kebabs ofertados na entrada. Na sobremesa, não faltarão os ninhos de nozes, para acompanhar o brinde final.

Vinhos, do Vale do Bekaa, importados do Líbano.

Saúde! Salute! Fi-Sahitak! Lehaim! Prost! Kampai! Santé! Cheers! Skol!

E Maktub.
Assim não se fala mais nisso.