quarta-feira, 25 de maio de 2016

TRISTE BAHIA, ÚTERO DO BRASIL

Ritual antropofágico desenhado por Theodore de Bry (1528-1598)

TRISTE BAHIA, ÚTERO DO BRASIL

Tocha olímpica recebeu ontem as bençãos na Igreja do Bonfim. Lembrei-me do Bispo Sardinha, que chegou a São Salvador da Bahia de Todos os Santos em 1551, vindo de Portugal; das suas dissensões com o Governador Geral do Brasil, Duarte da Costa, também sediado na então capital Salvador, e cujo filho Álvaro maltratava, costumeiramente, os indígenas, mas prevaricava com as índias; da oposição do bispo aos rituais tabagistas dos indígenas americanos, que começavam a ser assimilados pelos portugueses e pelos europeus (segundo os historiadores, em 1530, plantas de tabaco teriam sido levadas para a Europa e cultivadas pela família real portuguesa por seu aspecto ornamental e por sua função medicinal); e ao relacionamento sexual, muitas vezes forçado, dos portugueses com as nativas de Pindorama, já então (pelo que se sabe), terra nomeada de Brasil; do seu mal explicado naufrágio no litoral baiano, em 1556, quando voltava a Portugal para levar suas queixas a El Rey; e do seu aprisionamento e suposta deglutição antropofágica, em churrascada patrocinada pela tribo baiana dos Caetés, cujo episódio serviu, conforme relatos históricos, para o extermínio de oitenta mil índios pelas tropas sob as ordens do ofendido (e 'moralizante') Governador.

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