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terça-feira, 18 de novembro de 2014
O Tempo, o Perto, o Longe, a Medida das Coisas e o Valor da Velhice
Ontem de manhã, devia ir ao meu médico oftalmologista; tinha marcado uma consulta. Como estava sem as lentes de contato (até porque iria ser examinado, e era aconselhável estar com o olho nu), e também porque o estacionamento é caro ou difícil naquelas paragens, resolvi ir a pé.
Calculei que levaria uns 25 minutos. Como saí às 7:35 e a consulta estava marcada para as 8 horas, resolvi apertar o passo. E, para ter uma "medida das coisas" para alguma necessidade futura, e ir "passando o tempo", "zerei" o relógio e comecei a contar as quadras.
Quando cheguei na esquina de uma panificadora onde às vezes costumo ir , já eram 8 quadras (ou quarteirões, no Rio de Janeiro...). Essa panificadora, na minha avaliação normal, está "perto". O médico, na minha cabeça, estaria "longe", ou "meio longe"...
Continuei a caminhar. No total, foram 15 quadras até o médico. Cheguei na portaria do prédio às 7:55. Vi que não era tão longe assim... Menos que o dobro da distância até a panificadora... O que foi, de certa forma, uma surpresa...
Bom, e de que serve, ou para que serve essa história?
Pra mim, serviu no seguinte, que (aliás) foi o que fui pensando enquanto caminhava:
1 - Temos uma tendência a achar perto, ou que "vai passar rápido", o que não é tão perto assim...;
2 - Achamos "longe", e por isso negligenciamos, desistimos ou buscamos "veículos e caminhos alternativos" para atingir, o que achamos estar distante. Na verdade, não estará tão distante assim...
Ou seja: o perto não é tão perto e o longe, não é tão longe...
Nisso está o valor da "Medida das Coisas", privilégio do tempo e do local de habitat dos "cidadãos senior": a Velhice. No bom sentido, naturalmente... E também a consciência que devemos formar da necessidade de valorizar mais e mais a experiência desse "entardecer"...
Quando se tem 1 ano, enxerga-se, quando muito, um horizonte de uns 2 anos...
Aos 10, talvez uma perspectiva dos 20...
Aos 20, talvez o seu futuro aos 40...
Aos 30, quem sabe seja possível vislumbrar e vivenciar (com alguma antecedência) os 60 anos...
Agora, quando se chega aos 66, como estou chegando, você olha para trás e vai vendo, ano após ano, cada segmento do caminho. E percebe que acelerar, reduzir o ritmo, parar e avaliar, cair e levantar, errar e acertar, ter sucesso ou experimentar o fracasso, perder ou ganhar, estar em guerra ou em paz, viver de escolhas ou seguir o destino, tudo é parte da vida. Aos 66, você sabe que não sabe como será a vida aos 132. Você não sabe - nem de longe - como será... Mas você tem uma medida muito maior das coisas, e muito menos certezas também... Assim, embora com muito menos certezas, o que leva a evitar e cuidar muito com os julgamentos, é bom considerar que - às vezes - é necessário julgar e decidir... Nesses casos, a quantidade de informações, fatos passados, os parâmetros adquiridos e a perspectiva (reversa e/ou futura) de uma "vida inteira" vivida são - inegavelmente - de grande valia... Por isso, para algumas decisões, é bom buscar o conselho de alguma "cabeça branca"... Para atingir as metas (ou alvos), é preciso escolher bem o arco e a flecha, sentir até onde "esticar a corda", saber como "mirar" para que a flecha vá na direção certa; e não esquecer de preparar outros bons atiradores...
Agora, para que a velhice funcione, é preciso chegar bem até "ela"... O que não é uma tarefa tão fácil assim...